Boletim de Pesquisa - Nelic

Editora:
Universidade Federal de Santa Catarina
Data de publicação:
2011-03-10
ISBN:
1984-784X

Descrição:

É uma publicação promovida pelo NELIC - Núcleo de Estudos Literários e Culturais com ênfase na produção dos estudos sobre Periodismo e periódicos literários e culturais no Brasil e na América Latina.

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  • Literatura indígena: escrita-eco e [re]tomadas a partir do regime estético das artes de Jacques Rancière

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  • Do sujeito em seu ponto de ebulição: o anacronismo narrativo, o exotismo e a imagem em El santo, de César Aira

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  • É possível pensar em comum?
  • A experiência comum

    que sustenta a ideia de comunidade? É uma propriedade substancial dos membros que a integram? Ou é um vazio, uma ausência, uma falta? Como dizer "nós" sem apelar a discursos essencialistas que fazem da comunidade um corpo fechado e unitário constituído em oposição a um "outro"? A partir destas questões, o ensaio propõe indagar o problema da comunidade, em relação às noções de subjetividade, identidade, corpo e experiência. Num primeiro momento, expõe algumas considerações de Giorgio Agamben acerca do papel dos dispositivos nos processos de subjetivação, e problematiza certos enunciados dicotômicos subjacentes em seu pensamento. Num segundo momento, recorre ao pensamento de dois autores que, desde diferentes óticas, questionam todo substrato ontológico tanto do "ser" quanto dos sujeitos coletivos: Jean Luc Nancy e Judith Butler. Por último, retoma o conceito de "comunidade" elaborado por Roberto Esposito e o relaciona com a experiência interior de Bataille.

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    No presente ensaio, lemos Salón de belleza (1994), do escritor mexicano Mario Bellatin, a partir de um olhar voltado para o funcionamento do Moridero enquanto uma comunidade de morte. Na tensão entre um gesto e uma gestão, assim como na manutenção de uma continuidade através da conversão de um espaço de beleza num espaço de morte, investiga-se o modo como comunidade e morte se articulam no texto.

  • Imunidade e progresso: o caso Lesabéndio

    Em 1913, na Alemanha, Paul Scheerbart publicava, em plena véspera da Grande Guerra, uma narrativa sobre um planeta habitado por formas de vida alienígena que se organizavam em um sistema social e econômico muito diferente daquele da população da Terra. Opondo o progresso como modo de desenvolvimento individual característico do imperialismo dos séculos XIX-XX a um sistema social que privilegia todas as formas de vida, a ideia renovada de técnica promovida por Scheerbart ajuda a responder as questões que surgiram junto com a pandemia da COVID-19, principalmente aquelas que dizem respeito às políticas de controle dos corpos e às relações entre comunidade e imunidade.

  • Relações entre o tema da comunidade e os jogos

    Esta pesquisa tem por objetivo relacionar os textos de diversos filósofos a respeito do tema da comunidade com definições e conceitos advindos da área da teoria dos jogos. São apresentados três tópicos principais de discussão, os quais se entrelaçam de diferentes maneiras. O primeiro tópico discute a tarefa de repensar a comunidade através dos estudos de Georges Bataille, Jean-Luc Nancy e Maurice Blanchot, relacionando-os à atividade lúdica. Em seguida, analisa-se os aspectos estéticos e políticos do jogo, com base nos pensamentos de Jacques Rancière. Finalmente, apresenta-se um breve estudo do videogame The Stanley Parable de forma a relacionar o jogo ao tema da desobediência dentro da comunidade através dos entendimentos de Frédéric Gros. A pesquisa conclui que a esfera lúdica se apresenta como um meio propício para se discutir a comunidade, relacionando-se a todo momento com as dinâmicas de grupo e de sociedade.

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    A diferença radical entre comunidade e sociedade aparece em Nancy evidenciando que a comunidade necessita da partilha entre os diversos. O presente ensaio trata sobre questões da comunidade a partir do filme Felizes juntos, dirigido por Wong Kar-Wai, e do envolvimento da torcida organizada la doce com o Club Atletico Boca Juniors. Nessas relações, a comunidade parece estar sempre ainda a vir, e a lemos assim: sem a fixação de um projeto a ser operado e sim como o próximo passo de uma dança de tango, contando ainda com a entrega incondicional sobre a qual escrevia Esposito em seu Communitas.

  • Notas para um passeio no parque de diversões com Dalton Trevisan e Katherine Mansfield

    O ser que escreve, por ser-assim, quer a liberdade de escrever sem responder a um projeto. Por ser-assim, se encontra, neste lado de fora do esperado, com outros que vieram antes e continuam seu estar-no-mundo, entre viventes e não-viventes. Neste inesperado lugar, este artigo constrói as bases de um parque de diversões, convidando para um passeio. Na roda-gigante, na montanha- -russa e na sala de espelhos, estão Dalton Trevisan (1925- ) e Katherine Mansfield (1888-1923), acompanhados de uma comunidade de outros amantes de Mansfield, como Vinicius de Moraes, Clarice Lispector e Ana Cristina César. O mote do passeio são as ficções de Dalton dedicadas a Mansfield, iniciadas com uma (suposta) carta integrante do número 14 da revista Joaquim (1947). A versão mais recente do conto, que teve outras republicações, está em Até você, Capitu (2013), com significativas alterações.

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  • A escuta selvagem

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