Acórdão nº RHC 24241 / RS de T6 - SEXTA TURMA
Magistrado Responsável | Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131) |
Emissor | T6 - SEXTA TURMA |
Tipo de Recurso | Recurso Ordinario Em Habeas Corpus |
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 24.241 - RS (2008⁄0172052-4)
RELATORA | : | MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA |
RECORRENTE | : | R.K.S. |
ADVOGADO | : | LUIZ FERNANDO SOARES COSTA |
RECORRIDO | : | TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL |
EMENTA
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA. CARÊNCIA DE FUNDAMENTOS. NÃO OCORRÊNCIA. GRAVIDADE CONCRETA. DEMONSTRAÇÃO. ORDEM PÚBLICA. FUGA. QUASE DEZ ANOS. MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA.
-
A prisão processual é medida cabível apenas quando imprescindível para a escorreita prestação jurisdicional, ou seja, quando presente alguma das hipóteses do art. 312 do Código de Processo Penal.
-
Na espécie há demonstração efetiva da necessidade da prisão, com arrimo em elementos do autos, denotando a real gravidade dos fatos e a concreta periculosidade do ora paciente, que teria matado uma criança com um tiro na cabeça, apenas porque não encontrou o pai da vítima, a quem procurava para executar.
-
Aliado a isso, o réu revel, se encontra foragido há quase dez anos, impedindo a boa colheita da prova, notadamente porque o corréu foi condenado a 18 anos de reclusão.
-
Recurso não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora." Os Srs. Ministros Og Fernandes e V.D.G. (Desembargador convocado do TJ⁄RS) votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ⁄CE).
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
Brasília, 31 de maio de 2011(Data do Julgamento)
Ministra Maria Thereza de Assis Moura
Relatora
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 24.241 - RS (2008⁄0172052-4)
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA RECORRENTE : R.K.S. ADVOGADO : LUIZ FERNANDO SOARES COSTA RECORRIDO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RELATÓRIO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA:
Em favor de R.K.S. foi impetrado habeas corpus, apontando como autoridade coatora o Juízo de Direito da Primeira Vara Criminal da Comarca de Novo Hamburgo⁄RS.
O paciente, juntamente com outra pessoa, foi denunciado por prática descrita no art. 121, §2º, I e IV c⁄c o art. 61, II, "h", na forma do art. 29, caput, todos do Código Penal, tendo sido decretada a prisão preventiva (fl. 206) e também a revelia (fls. 204⁄205).
Indeferido pedido de liberdade provisória, em primeiro grau de jurisdição (fl. 207), foi manejado habeas corpus, alegando a defesa que o paciente desde a data dos fatos sempre residiu em Ijuí⁄RS, não havendo elementos concretos dos autos, mas tão-somente a gravidade abstrata do delito, para a decretação da custódia cautelar.
A impetração foi denegada no Tribunal de origem, a teor da seguinte ementa:
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RÉU FORAGIDO. SUSPENSÃO DO PROCESSO DESDE NOVEMBRO DE 2001. NOVO DECRETO DE PRISÃO PREVENTIVA PARA O ENDEREÇO FORNECIDO PELO PROCURADOR DO ACUSADO.
Não detectada, no caso dos autos, nenhuma situação que possa ser apresentada como eivada de constrangimento ilegal, já que o processo estava no aguardo do comparecimento ou da apresentação do acusado para que fosse dado prosseguimento.
E isso por mais de seis anos; tempo que se mostra por demais expressivo, em se considerando o que está sendo imputado ao ora paciente, bem como a normal expectativa no aguardo de eventual tramitar do processo e efetivo resultado, por parte da comunidade. Afinal, trata-se, teoricamente, de delito contra a vida, apresentando importantes nuances específicas.
A prisão preventiva em tela, bem como sua manutenção, se mostra compatível com a situação dos autos originários, apreendendo-se em sede da mesma os pressupostos do artigo 312 do CPP.
ORDEM DENEGADA." (fl. 74)
Daí o presente recurso ordinário, no qual repisa o recorrente os argumentos já expendidos, de falta de elementos concretos à segregação, que estaria, basicamente, arrimada na gravidade abstrata do delito, além do que a fuga, por si só, não é suficiente para a prisão, até porque não teria havido fuga, mas simples ausência.
Admitido o recurso, opina o Ministério Público Federal pelo seu desprovimento, em parecer que tem seguinte ementa:
"Recurso em Habeas Corpus. Homicídio qualificado contra criança. Pedido de liberdade provisória. Réu que se encontra em liberdade furtiva. Oposição ao chamamento processual. Elementos suficientes para a manutenção de sua custódia cautelar decretada para garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal. Precedentes.
Parecer pelo desprovimento do recurso." (fl. 153)
Informações complementares, prestadas em 13 de maio do corrente ano, dão conta de que o...
Para continuar a ler
PEÇA SUA AVALIAÇÃO