Acórdão nº 1.0332.12.000578-7/001 de TJMG. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, 25 de Junio de 2013

Magistrado ResponsávelJaubert Carneiro Jaques
Data da Resolução25 de Junio de 2013
Tipo de RecursoApelação Criminal

EMENTA: EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO DE VULNERÁVEL TENTADO - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ANIMUS ABUTENDI - AUSÊNCIA DE CONTADO FÍSICO COM A VÍTIMA - ABSOLVIÇÃO - NECESSIDADE.

- A conduta do réu de se dirigir à vítima apenas com palavras, sem praticar qualquer contato físico com ela, não constitui o crime previsto no art. 217-A, do Código Penal, mormente porque não restou comprovado nos autos se ele tinha intenção de praticar atos sexuais com ela.

V.V APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO DE VULNERÁVEL TENTADO - PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO - SUPOSTA INSUFICIÊNCIA DE PROVAS - DECLARAÇÕES FIRMES E UNIFORMES DA VÍTIMA E DE SUA GENITORA - AUSÊNCIA DE CONTATO FÍSICO COM A OFENDIDA - IRRELEVÂNCIA - GRAVE AMEAÇA EXERCIDA - CONFIGURAÇÃO DE ATO EXECUTÓRIO - TIPICIDADE CONFIGURADA - DESCLASSIFICAÇÃO PARA A CONTRAVENÇÃO PENAL INSERTA NO ART. 61 DA LCP - INVIABILIDADE CONDENAÇÃO ACERTADA - REGIME ABERTO - IMPOSSIBILIDADE LEGAL - RECURSO NÃO PROVIDO .

- Nos casos de crimes contra os costumes, empresta-se especial valor à palavra da vítima, de tal sorte que, se for ela coerente e estiver corroborada por outros elementos de prova, não elididos pela defesa, cabível se mostra a condenação.

- A ausência de contato físico com a vítima não impede a configuração do tipo penal, se restar comprovado que o apelante exerceu grave ameaça sobre à vítima visando a satisfação de sua lascívia sexual, só não logrando êxito por circunstâncias alheias à sua vontade.

- Incabível a desclassificação do delito de estupro de vulnerável tentado para a contravenção de importunação ofensiva ao pudor, se comprovado nos autos que a conduta do agente vai muito além da simples "importunação", já que exerceu grave ameaça sobre a vítima com a finalidade de satisfazer sua lascívia.

- Em se tratando de crime hediondo, impossível a fixação do regime aberto para cumprimento de pena, por força do que estatui o art.2°,§1°, da Lei n°8.072/90.

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.0332.12.000578-7/001 - COMARCA DE ITANHOMI - APELANTE(S): ALEXANDRE MARQUES ROCHA OLIVEIRA - APELADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - VÍTIMA: S.A.S.

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, à unanimidade, em NÃO PROVER O RECURSO.

DES. JAUBERT CARNEIRO JAQUES

RELATOR.

DES. DENISE PINHO DA COSTA VAL.

RELATORA PARA O ACÓRDÃO.

DES. JAUBERT CARNEIRO JAQUES (RELATOR)

V O T O

Trata-se de recurso de apelação interposto por A. M. O contra a r. sentença de fls. 38/40, que julgou procedente a denúncia para condenar o apelante como incurso nas sanções do art.217-A, do Código Penal Brasileiro, fixando pena corporal em 02 anos e 08 meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado.

Irresignada, a Defesa do apelante interpôs recurso de apelação de fls.56/62, sustentado que não restou configurado o delito de estupro de vulnerável tentado, uma vez que não houve contato físico e muito menos grave ameaça à menor. Neste sentido, esclarece que " o simples fato de abordagem extrínseca à vítima não resvala para a figura tipificada no art.217-A do Código Penal" (SIC-fl.58). Assim, deverá ser o acusado absolvido pela ausência de tipicidade da conduta. Acaso seja mantido o édito condenatório, roga para que seja fixado o regime aberto para o cumprimento de pena.

Em contrarrazões ofertadas a fls.64/68, o Ministério Público requereu a absolvição do acusado pela atipicidade da conduta.

A Procuradoria-Geral de Justiça exarou parece a fls.75/76-TJ, opinando pelo conhecimento do recurso e pelo seu parcial provimento, a fim de que o crime imputado ao réu seja desclassificado para a infração capitulada no art.61, da Lei de Contravenções Penais.

É o relatório.

Conheço do recurso, presentes os seus pressupostos de admissibilidade e processamento.

Narra a denúncia que, no dia 19/05/2012, por volta das 17:20 horas, na Rua Florentino Liberato, n°90, na cidade de Itanhomi/MG, o réu tentou manter conjunção carnal, com a menor S.A.S, que contava com apenas 08 anos de idade, mediante violência presumida, somente não obtendo êxito, porquanto a mãe da vítima atendendo aos seus pedidos de socorro, acudiu prontamente, impedindo que a ação delitiva se consumasse.

Consta ainda da inicial acusatória, que, naquela oportunidade, o acusado, aproveitando-se que a menor S.A.S se encontrava sozinha na varanda de sua casa, teria ordenado que esta tirasse sua calcinha e abrisse as pernas, para que com ela pudesse manter conjunção carnal. Diante de tais circunstâncias, o MM. Juiz primevo houve por bem condenar o acusado nas sanções do art.217-A, em sua forma tentada, à reprimenda de 02 anos e 08 meses de reclusão, o que não se conforma a Defesa, que pede a absolvição do apelante, pela atipicidade da conduta.

Após minuciosa análise dos autos, penso que razão não assiste à Defesa do réu, que pretende a sua absolvição, sob o argumento de que não há nos autos provas estreme de dúvidas de que este tivesse praticado qualquer ato libidinoso contra a vítima ou mesmo dado início a qualquer ato executório da conduta tipificada no art.217-A, vazada nos seguintes termos:

Art.217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze anos):

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

O acusado, em seu interrogatório (fl.36) negou veementemente os fatos que lhe são imputados na denúncia, afirmando não se recordar de ter passado em frente à residência a qual a vítima se encontrava, sendo...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT