Acórdão nº 1.0309.04.004626-5/001 de TJMG. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, 17 de Septiembre de 2013

Magistrado ResponsávelSilas Vieira
Data da Resolução17 de Septiembre de 2013
Tipo de RecursoRec Em Sentido Estrito

EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - HOMICÍDIO QUALIFICADO - SENTENÇA DE PRONÚNCIA - PROVAS DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - LEGÍTIMA DEFESA - EXCLUSÃO DE CULPABILIDADE - DESCABIMENTO - AUSÊNCIA DE PROVA NESSE SENTIDO - DECOTE DA QUALIFICADORA -- QUESTÕES A SEREM DIRIMIDAS PELO CONSELHO DE SENTENÇA - SÚMULA 64 TJMG.

- A decisão de pronúncia constitui mero juízo de admissibilidade da acusação, mostrando-se suficiente, pois, para a sua prolação, apenas o convencimento do magistrado quanto à existência do crime e de suficientes indícios de sua autoria, tendo por objetivo submeter o acusado ao julgamento perante o Tribunal do Júri.

- A absolvição sumária e a despronúncia pressupõem a existência de prova precisa, completa e induvidosa acerca da negativa de autoria ou da excludente de ilicitude alegada pelo acusado, haja vista que na primeira fase deste procedimento especial vigora o princípio do "in dubio pro societate", pelo que eventuais incertezas relativas a ocorrência do delito devem ser submetidas ao Tribunal Popular.

- Inadmissível os argumentos de legítima defesa quando os elementos de convicção constantes dos autos são suficientes à confirmação da decisão de pronúncia.

- Nos termos da Súmula 64 do TJMG "deve-se deixar ao Tribunal do Júri a inteireza da acusação, razão pela qual não se permite na fase de pronúncia decotar qualificadoras do delito, salvo quando manifestamente improcedentes".

REC EM SENTIDO ESTRITO Nº 1.0309.04.004626-5/001 - COMARCA DE INHAPIM - RECORRENTE(S): SEBASTIÃO EUGÊNIO DE SOUZA, ADÃO ALDERIO DE SOUZA - RECORRIDO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - VÍTIMA: ALDAIR JOSÉ MIRANDA

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. SILAS RODRIGUES VIEIRA

RELATOR.

DES. SILAS RODRIGUES VIEIRA (RELATOR)

V O T O

Trata-se de recurso em sentido estrito interposto por SEBASTIÃO EUGÊNIO DE SOUZA e ADÃO ALDÉRIO DE SOUZA contra a r. decisão de f. 93/97, proferida pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e Juventude da Comarca de Inhapim, que nos autos da ação penal movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, pronunciou os réus como incursos no art. 121, §2º, II, c/c o artigo 29, ambos do Código Penal.

Inconformados, SEBASTIÃO EUGÊNIO DE SOUZA e ADÃO ALDÉRIO DE SOUZA interpuseram o presente recurso seguido de suas razões (f. 594/612) pugnando, preliminarmente, pela nulidade do processo desde a citação e, no mérito, pela absolvição sumária, nos termos do art. 386, VI do CPP, incidindo a excludente de ilicitude da legítima defesa; bem como o decote da qualificadora de recurso que dificultou a defesa da vítima.

Contrarrazões às f. 666/669.

Em sede de juízo de retratação, o MM. Juiz singular manteve a decisão recorrida, por seus próprios fundamentos (f. 672).

Instada a se manifestar a Procuradoria-Geral de Justiça, através do parecer de f. 677/693, opinou pelo não conhecimento do recurso aviado, por ser intempestivo e, no mérito, pelo seu desprovimento.

É o relatório.

Inicialmente, analiso as preliminares suscitadas pelo Ministério Público e pelos Recorrentes, respectivamente.

Preliminar Ministerial - intempestividade:

O ilustre Promotor de Justiça, em suas contrarrazões de f. 666/669, suscita preliminar de intempestividade recursal, ao argumento de que o recurso defensivo foi protocolizado mais de 03 (três) anos após a intimação dos réus, por edital, da decisão que os pronunciou.

Tal alegação não merece prosperar.

Compulsando-se os autos, verifica-se que referido edital fora declarado nulo (f. 227), sendo os réus ADÃO ALDÉRIO DE SOUZA e SEBASTIÃO EUGÊNIO DE SOUZA, intimados pessoalmente da decisão de pronúncia nos dias 16.07.2012 (f. 553) e 20.09.2012 (f. 651v), respectivamente.

Assim, considerando que o prazo para interposição do recurso pelo réu ADÃO terminaria em 23.07.2012, e para SEBASTIÃO em 25.09.2012 e, sendo petição recursal de ambos protocolizada em 23.07.2012 (f.594), é possível concluir pela tempestividade do recurso interposto.

Rejeito, pois, a preliminar.

Preliminar Defensiva - nulidade do processo:

Os recorrentes pretendem a anulação do processo, desde a citação por edital, ante a inobservância do artigo 366 do CPP.

A Defesa alega que o réu SEBASTIÃO EUGÊNIO DE SOUZA era analfabeto, motivo pelo qual não poderia tomar conhecimento do teor do edital.

Por fim, aduz a existência de erro material no edital, eis que o acusado ADÃO ALDÉRIO DE SOUZA fora erroneamente...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT