Derivativos: uma abordagem a cerca da visão de hedge cambial por uma empresa de pequeno porte

AutorJosé Luiz Sanguanini - Kadígia Faccin
CargoAcadêmico do Curso de Ciências Contábeis da FSG - Mestre em Administração. Graduada em Ciências Econômicas. Professora de Economia e Mercado de Capitais do Curso de Ciências Contábeis da FSG
Páginas112-130
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DERIVATIVOS: UMA ABORDAGEM A CERCA DA VISÃO DE HEDGE CAMBIAL
POR UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE
José Luiz Sanguanini14
Kadígia Faccin15
Resumo: Os mercados do mundo todo estão interligados devido ao grau de evolução que a tecnologia pro põe à
comunicação e, com isso, informações dos principais mercados têm impacto imediato n o Brasil. Esse contexto
traz dois lados às empresas: ao mesmo tempo e m que se ganha com a transparência e qualidade das informações,
poderá se perder com a rapidez do reflexo que um ocorrido na Europa, por exemplo, terá no mercado b rasileiro.
Ou seja, a iminência de riscos é maior e para que os efeitos provocados por movimentos adversos do mercado
não afetem os custos e/ou os preços de venda (e, por conseguinte, o lucro) a gestão de riscos tem papel vital na
organização. O gerenciamento dos riscos de mercado usualmente é e xecutado minuciosamente por instituições
financeiras e empresas de grande porte com a utilização das corretas ferramentas para a proteção: as operações
de hedge com instrumentos financeiros derivativos. Entretanto, o problema de pesquisa proposto foi o de
demonstrar o conhecimento e a utilização de tais instrumentos sob a ó tica de uma empresa de pequeno porte de
Caxias do Sul/RS, distribuidora de máquinas, ferramentas e peças de reposição p ara a indústria moveleira que
opera com importações basicamente lastreadas em euro. Tendo como objetivo identificar e analisar os principais
instrumentos de proteção contra os riscos de natureza financeira, além da verificação quanto à percepção do
impacto das recentes alterações das taxas de câmbio e, ainda, da validação e aplicação dos conceitos ob tidos a
partir da fundamentação teórica na prática, explorando abord agens relacionadas a instrumentos financeiros.
Derivativos são instrumentos financeiros que derivam de outros ativos, sendo eles financeiros ou físicos e são
negociados, em sua maioria, e m bolsa de valores. Dividem-se, inicialmente, em quatro tipos de mercado s:
futuros, termos, opções e swaps, tendo como participantes os hedger s, os especuladores e os arbitradores. A
extração dos dados efetivou-se p or meio de uma entrevista presencial com uma funcionária da e mpresa, onde foi
possível verificar a ciência a cerca dos efeitos produzidos pelas oscilações das taxas de câmbio no custo das
mercadorias e no repasse aos preços de venda, entretanto, a tendência é de que empresas de menor porte tratem
os riscos de maneira simplificad a, não utilizando os mesmos instrumentos sugeridos pelo referencial teórico.
Dessa forma, o estudo cumpriu com os objetivos propostos, trazendo a visão da empresa de pequeno porte
quanto aos instrumentos financeiros, apontando para certa distância em relação à visão das instituições
financeiras e empresas de grande porte. Estudos futuros poderiam se valer de métodos quali-quantitativos para
agregar conteúdo na análise.
Palavras-chave: Hedge; Instrumentos Financeiros Derivativos; Gerenciamento de Risco de Mercado.
Abstract: The markets around the world are interconnected due to the degree of evolution proposes that
technology for communication and, thus, infor mation of the main markets have an immediate impact in Braz il.
This context brings two sides to the business: while earns on the transparenc y and quality of information may be
lost with the speed of a reflex that occurred in Europe, for exa mple, will the Brazilian market. That is, the greater
risk is imminent and that the effects caused by adverse market movements do not affect the costs and / or selling
prices (and therefore profit) risk management plays a vital role in the organization. The management of mar ket
risks is usually perfor med in detail by financial institutions and large businesses with the use of correct tools for
protecting: the hedge with derivatives. Ho wever, the pro blem proposed research was to demonstrate the
knowledge and use of such instruments from the perspective of a small business of Caxias do Sul / RS, a
distributor of machinery, tools and spare parts for the furniture industry that op erates with imports mainly backed
by the euro. Aiming to identify and analyze the main instr uments of protection against the risks of a financial
nature, as well as checks on the perception of the impact of recent c hanges in e xchange rates and also the
validation and application of concepts derived from the theoretical practice, exploring approaches related
financial instruments. Derivatives are financial instruments derived from other assets, be they financial or
physical and are traded mostly on the stock exchange. Divided initially into four types of markets: futures,
forwards, options and swaps, and the participants hedgers, speculators and arbitrageurs. The data extractio n was
accomplished through a personal interview with an employ ee of the company, where it was possible to verify the
science about the effects produced by fluctuations in exchange rates on cost of goods an d the transfer to sales
prices, however, the trend is that smaller companies ad dress the risks in a simplified way, not using the same
instruments suggested by the theoretical framework. Thus, the study met the proposed objectives, bringing the
vision of small business and financial instru ments, pointing to a certain distance fro m the vision of financial
14 Acadêmico do Curso de Ciências Contábeis da FSG. Endereço Eletrônico: j.sanguanini@gmail.com.
15 Mestre em Administração. Graduada em Ciências Econômicas. Professora de Economia e Mercado de Capitais do Curso
de Ciências Contábeis da FSG. Endereço eletrônico: kadigia.faccin@fsg.br.
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institutions and lar ge companies. Future studies could take advantage of qualitative and q uantitative methods to
aggregate content in the analysis.
Key-words: Hedge; Derivative financial instruments; Market Risk Manageme nt
INTRODUÇÃO
Em decorrência das informações percorrerem o mundo em velocidade instantânea as
notícias de todos os países estão atreladas de modo que ocorridos na Ásia, na Europa ou na
América do Norte afetam imediatamente a economia brasileira em proporção relativa, sendo
isso algo corriqueiro e normal, pois são reflexos da globalização e do contexto evolutivo da
tecnologia. Ao mesmo tempo em que facilitam e tornam as operações mais transparentes,
esses fatores agregam adendos aos riscos que as empresas correm, principalmente quando
mantém operações lastreadas em moedas estrangeiras.
O risco é a possibilidade de algo sair diferente do planejado e está presente em todas
as atividades organizacionais, sujeitando todas as tomadas de decisões a certo grau de
incerteza. Somente poderão ser definidos como isentos de risco, os fatos do passado - que já
ocorreram, no entanto toda decisão que visa resultados futuros está atrelada a riscos.
Munindo-se de conhecimento e informações a cerca das situações e do macro ambiente em
que a empresa está inserida, é possível antecipar-se a certos fatores minimizando, ou até
anulando, o impacto desses imprevistos e obtendo resultados mais próximos do almejado,
projetando fatos que ocorrerão no futuro sob a forma de cenários.
Esses riscos, segundo Hoji (2010), poderão ser segregados conforme sua natureza:
operacional e financeiro-econômica. Causados por fatores diversos e podendo ser evitados
com a contratação de seguros (na maioria das situações), os primeiros riscos são inseparáveis
das atividades principais que a empresa exerce, ao passo em que a segunda natureza citada,
está relacionada a situações que fogem do controle da organização e podem causar danos
financeiros inesperados. Oscilações de preços de matéria-prima ou bens de capital adquiridos
no mercado externo, aumentos ou reduções das taxas de câmbio e de juros são os exemplos
mais usuais de riscos financeiros.
As operações de hedge (proteção) - por meio da utilização de instrumentos financeiros
derivativos - visam inibir os riscos financeiro-econômicos amenizando os impactos das
oscilações. Uma espécie de reação em cadeia é formada quando ocorre alguma mudança
inesperada nos custos das taxas de câmbio e/ou da matéria-prima tendo reflexo direto nos
preços de venda praticados, dado que aumentando os preços a empresa perde competitividade
e mercado. A prevenção contra tais riscos é praticada com frequência por empresas de grande

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