Ponderações acerca do código de ética profissional do administrador
Autor | Aldo Javier Tamagusuku |
Cargo | Acadêmico do terceiro semestre do Curso de Administração de Empresas, com orientação em Comércio Internacional |
- Artigo relacionado ao conteúdo acadêmico da Disciplina Filosofia e Ética Profissional, minis-trada pelo professor Vilmar Alves Pereira e cursada no 1º semestre de 2005 na Faculdade da Serra Gaúcha - FSG
O que importa nesse momento é que não se deixe de pensar em Moral e em Ética Profissional; que não nos acomodemos diante do presente momento histórico, onde a Moral e a Ética não são mais os momentos retóricos, e, portanto, cansativos. Urge que reflitam em todos os rincões sobre o valor moral e da Ética, pois só assim mudaremos a Ética do País (Tupinambá Paraguassú, Membro da Comissão de Ética do CFA).
Como forma preliminar, resulta conveniente ambientar o presente trabalho no significado da ética e como ela é materializada nas ações do ambiente profissional, considerando que o administrador de empresas é a figura capital dentro do eixo em estudo.
Em seu sentido amplo, a ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes (LOPES DE SÁ, 1998). Muitas vezes é também mencionada como moral. Ambas parecem ser expressões que, com o passar do tempo, adotaram o mesmo significado, sendo melhor assimiladas quando vivenciadas em vez de ensinadas. Moral deriva do latim mos, significando costumes, enquanto ética originase do latim ethos, referindose a caráter ou modo de ser.
A ética vem sendo uma das questões de maior debate dentro da sociedade, em particular na esfera profissional. No entanto, é válido destacar que ela é um ramo da filosofia e foi estudada e desenvolvida como uma ciência milenar. Essa evolução pode ser percebida por meio dos trabalhos de Pitágoras no século V a.C., de manifestações remotas e fragmentadas em forma de escritos antiqüíssimos e da obra renomada de Aristóteles (2002).
Naturalmente associada à Grécia antiga, a ética, como busca pelo aperfeiçoamento das relações humanas, também foi desenvolvida por outras civilizações. Na cultura oriental, a análise do bem dentro do estudo do comportamento humano era como uma manifestação de amor. Assim, consideravase que o bem correspondia ao respeito imposto nas relações consigo e com os demais1. Essa afirmação mantém seu valor quando ponderamos que o respeito é preservado como um dos maiores princípios cívicos da cultura ocidental.
O posicionamento da visão científica da ética se dá no mérito das forças que regem a conduta, ou seja, nas causas que levam a um determinado comportamento do ser humano.
O motivo pelo qual uma pessoa atua ou deixa de agir de uma maneira ou de outra está relacionado com os modelos e padrões de conduta receptados e assimilados em sua experiência pessoal.
Para relacionar esse posicionamento com a prática, basta lembrar que Aristóteles afirmou que para o homem não existe maior felicidade que a virtude e a razão. Assim, podese deduzir que o pensamento que leva a procurar o bem (considerando este como virtude) faz com que a prática siga a busca da felicidade. Essa busca deve ser encarada como um ideal, bem como perseguida de maneira consciente, refletindose nas atitudes tomadas.
Possuir essa virtude e praticála, o que é a manifestação do bem comum nos atos executados, relaciona o espírito com a mente e o corpo, fazendo com que o comportamento seja a exteriorização da essência do ser. Ainda segundo Aristóteles, é "pelos atos que praticamos em nossas relações com os homens que nos tornamos justos ou injustos" e "é preciso atentar, pois, pela qualidade dos atos que praticamos, porquanto de sua diferença se pode aquilatar a diferença dos caracteres". O mestre grego alerta que todas as situações precisam ser realizadas por meio da prática virtuosa da ética, sendo a presença ou ausência desta uma das explicações possíveis para os diferentes tipos de comportamento humano.
É característica intrínseca do homem procurar a formação de sociedades. No âmbito profissional, essa manifestação é detectável na formação de sindicatos, na celebração de parcerias, nas sociedades e nos organismos de classe, entre outros. De acordo com Vidari (1922), "a formação das classes sociais é um fato de grande importância ética que se completa no momento exato em que o homem sai de sua homogeneidade instável de origem primitiva e forma agrupamentos mais determinados e estáveis".
Muitas vezes estudada e compreendida das mais variadas maneiras, a formação de grupos auxilia a obtenção de resultados. Todavia, nem sempre os interesses dos integrantes podem ser identificados como comuns a todos os elementos, pois no aspecto social e/ou econômico existem dois desejos antagônicos: a vontade particular e a vontade geral. A primeira tende à realização de fins individuais, enquanto a segunda diz respeito aos fins coletivos (PEREIRA, 2003).
Esse tipo de conflito é agravado quando somado às reações intrínsecas e, por isso, naturais do homem, ou seja, a de procurar salvaguardarse isoladamente frente a situações adversas e a incapacidade de compreender que o bem comum resulta em beneficio final para o indivíduo.
Os ensinamentos provenientes da Grécia antiga parecem distantes quando o profissional atua negligenciando o princípio basal da finalidade do homem, isto é, ser...
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