Além da maquete

Enquanto Estado próprio não sai do papel, palestinos erguem sua primeira cidade planejadaDaniela KreschEspecial para O GLOBOinternacio@oglobo.com.brDono da ideia. O empresário palestino Bashar al-Masri, que fez parceria com empresa do Qatar para construir a cidade de RawabiPercalços. O engenheiro palestino Amir Dajani coordena os 10 mil trabalhadores que constroem o primeiro dos 23 bairros: quatro anos para ter permissão de construir trecho de meio quilômetro de estrada em território ocupadoShowroom. Modelo da cidade em centro de vendasFotos de Daniela Kreschprojeto polêmicoRAWABI, CisjordâniaBastou uma visita ao showroom do maior empreendimento imobiliário privado palestino de todos os tempos para que o vendedor de seguros Adel Kaabi, de 47 anos, ficasse encantado. Cansado da poluição e dos engarrafamentos de Ramallah, a capital econômica da Cisjordânia, Adel fechou na hora o contrato de compra de um apartamento de três quartos em Rawabi, a primeira cidade planejada palestina - 9 km ao Norte de Ramallah e 25 de Jerusalém - que, quando pronta, terá 40 mil moradores em 6,3 quilômetros quadrados. O primeiro bairro, com 600 apartamentos (todos já vendidos) e 5 mil habitantes, começou a sair do papel há 11 meses. Os criadores do projeto prometem a entrega das chaves em fevereiro de 2014.Para Adel, a mulher e os cinco filhos, as brochuras e as maquetes da luxuosa central de vendas, que apresentam prédios altos e apartamentos modernos, com infraestrutura de primeiro mundo, parecem um paraíso. Os modelos prometem ruas para pedestres, escolas e comércio fartos e muito entretenimento - incluindo anfiteatro, museu, shopping center, cinemas e campo de futebol. O casal, digno representante da nova classe média palestina, aceitou até mesmo contrair um financiamento de 20 anos - prática inédita na sociedade palestina - pela casa própria de US$ 102 mil. Os empreendedores de Rawabi criaram um fundo especial de US$ 550 milhões apenas para esse tipo de empréstimo, tabu entre os muçulmanos mais conservadores, para os quais a cobrança de juros é pecado.Mas a família Kaabi ignorou os críticos, principalmente os que consideram o projeto megalômano em meio à constante instabilidade política do conflito israelense-palestino. Nesta semana, representantes dos dois lados voltam à mesa de diálogo para a segunda etapa das negociações de paz reiniciadas no mês passado após um hiato de três anos. Mas há muito ceticismo quanto aos resultados desse novo esforço depois de décadas de...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT