Aos vencidos, as palavras

Segundo Festival de História, em Diamantina, abordará a ótica dos derrotados e esquecidos do Brasil Colônia à ditadura militarRoberta Jansenroberta.jansen@oglobo.com.brIgreja do Carmo. Um dos inúmeros prédios históricos do Centro de DiamantinaCasario colonial. A cidade histórica de Diamantina, em Minas Gerais, receberá, em setembro, o Segundo Festival de História, cujo tema são os derrotados e esquecidos desde o Brasil Colônia até o fim da ditadura militarAndré TeixeiraA História é sempre contada pelos vencedores. Para contrabalançar a incontestável verdade, exaustivamente repetida na forma de clichê, historiadores querem dar voz aos vencidos e também aos completamente esquecidos desde o Brasil Colônia até a ditadura militar. Este, ao menos, é o foco do Segundo Festival de História de Diamantina, que acontece em setembro, na cidade histórica mineira, reunindo especialistas de todo o país.- A História é contada pelos vencedores sim. Nas escolas, as crianças aprendem a disciplina do ponto de vista de quem venceu. E, além disso, existe uma grande parte dela que, simplesmente, não é pesquisada ou revelada - afirma a curadora do festival, Pilar Lacerda, do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). - Nas reuniões que a gente tem feito para organizar o festival, começamos a descobrir muitas pesquisas e trabalhos sobre movimentos, rebeliões e pessoas que não foram muito explorados; episódios que não foram contados ou que não tiveram o destaque merecido. Este é um momento especial para recuperá-los.Para a especialista, os grandes derrotados da História do Brasil são os índios e os negros. A historiografia tradicional é toda baseada no ponto de vista europeu, não dos indígenas, nem dos negros que vieram da África. De acordo com os números mais aceitos hoje, em 1500, quando Pedro Álvares Cabral chegou por aqui, havia algo entre 2,5 milhões e 6 milhões de índios. Pelo último Censo, sua população atual é de 897 mil pessoas - embora já tenha sido menos ainda, 250 mil, em 1997. Os navios negreiros, por sua vez, deixaram em terras brasileiras aproximadamente 6 milhões de indivíduos.- Ainda assim, a abordagem da História que a gente tem é muito europeizada, ela é contada sempre a partir do movimento dos europeus, de como eles vieram para cá, de como nos dominaram - sustenta Pilar. - Evidentemente isso é importante, mas não podemos nos limitar.Abordagens equivocadas e erradasObviamente, a escravidão e o tráfico negreiro são abordados nos...

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