O Brasil nos Brics

Os Brics, sigla que reúne os cinco países emergentes mais influentes neste novo mundo multipolar em que vivemos, ganharam relevância ainda maior dentro do contexto da crise econômica mundial que consome a União Europeia e os Estados Unidos.Segundo o professor de História Contemporânea da UFRJ Francisco Carlos Teixeira, transformaram-se em "um grupo de consultas mútuas" de países com um bom comércio - Brasil/China, China/África do Sul, China/Rússia/Rússia/Índia - e que, de certa forma, possuem interesses parecidos: desconcentração do poder mundial, novas normas de comércio, estabilização financeira e cambial.Teixeira diz que os Estados Unidos de Obama acabaram por aceitar o inevitável: o sonho de hegemonia mundial se desmilinguiu no ar.Na sua avaliação, "na Líbia, nas retiradas no Afeganistão e no Iraque, patenteou-se a nova política: intervenções só com as parcerias políticas, morais e financeiras".Que será uma atitude permanente, Francisco Carlos Teixeira não aposta: curada a crise econômica, ele acredita que os americanos voltarão ao velho estilo. "Mas aí o mundo já será outro", diz ele, "os custos, ainda maiores, e as condições, talvez irreversíveis."Não se trata, adverte, de decadência americana, "isso ainda precisa do fim do século XXI para ser História". Trata-se de desconcentração de poder e a virada para um mundo mais multicêntrico, "o que para o Brasil é muito bom", avalia.Para o embaixador Marcos Azambuja, especialista no assunto, os Brics são um efeito colateral da impossibilidade de se redesenhar a ordem internacional, já que as resistências à redistribuição de poder pela via institucional continuam muito grandes."Antes, só as grandes guerras provocavam os traumatismos e ofereciam a oportunidade para o redesenho da ordem internacional. Como o fator nuclear impede (ainda bem) uma Terceira Guerra Mundial, não se apresentam aquelas condições para que se reveja, em profundidade, a ordem internacional", avalia.Assim, como o sistema central não pode ser reformado, a saída tem sido a criação de grupos com um grau maior ou menor de informalidade que refletem novas realidades e as novas hierarquias do poder mundial, analisa Azambuja.Assim vão aparecendo entidades como a Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), a Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), o G -20 e os Brics.O embaixador Azambuja ressalta que as estruturas criadas em São Francisco ainda sobrevivem, com os importantes acréscimos do que se negociou em Bretton Woods...

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