Visconde de Cairu foi entusista das instituições inglesas
O propagandista do decreto de abertura dos portos às nações amigas, de 1808, teria sido José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu, que contava mais de 50 anos de idade quando a família real portuguesa chegou no Brasil. D. João desembarcou em Salvador, cidade onde Cairu vivia. Entusiasta da abertura comercial, bem como da influência inglesa, Cairu recorrentemente referia-se à Inglaterra.
Cairu foi “um grande agitador de novas ideias econômica”, na opinião de Sérgio Buarque de Holanda[1]. Cairu identificava no modelo comercial e industrial uma senda a ser seguida. Em vários textos, especialmente nas Observações sobre o Comércio Franco no Brasil, Cairu fez-se apólogo das fórmulas britânicas. Insistia na abertura comercial, observando que se o polo ártico se fechasse à humanidade, ser-nos-ia aberto o antártico...[2] Para Cairu o comércio fomentaria a produção e, nesse sentido, todos os estorvos deveriam ser enfrentados.
Defendia política de preço justo, que promoveria o incremento dos negócios. Era seguidor de Adam Smith, em quem se combinava “(...) a ideia de uma natural harmonia social, misteriosamente resultante, não tanto de um sentimento inato de sociabilidade, mas, pelo contrário, do livre curso da busca do interesse próprio, conatural a todo indivíduo” [3]. As linhas gerais do conjunto conceitual de Adam Smith balizavam o pensamento de Cairu, a quem pode se atribuir o título de precursor do liberalismo no Brasil.
A ideia de livre mercado, tão cara e afeta a esquemas neoliberais que são estimulados e que fomentam práticas definidas como globalizantes, é muito nítida no Visconde de Cairu. Insistia-se em um preço natural, que explicitaria justiça, realidade e factibilidade, condição para o desenvolvimento de modelo econômico centrado em interferência muito discreta do Estado.
A abertura dos portos, eventualmente como concebida por Cairu, suscitou reflexos imediatos. Intensificaram-se as relações comerciais. Quebrou-se o embaraço que as relações unilaterais com Portugal provocava. Cairu preconizava a existência de um Estado neutro, propulsor do desenvolvimento geral, por meio de atuação prudente. Ao mesmo tempo, apoiava o comércio internacional e o fim das discriminações. Potencializava a amizade, à qual reputava como “grande e fundamental lei econômica do Criador”.
Cairu invocava comércio marcado por espírito social, orientado para o benefício de todos, promovendo-se a paz e a proximidade entre os povos. Indiretamente aderia às máximas...
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