Características atuais das concentrações industriais catarinenses

AutorPablo Felipe Bittencourt - Renato Ramos Campos
CargoDoutorando em economia do PPGE/UFF - Professor do Programa de Pós-graduação em Economia da UFSC
Páginas61-90
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Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.1, p.61-90 , jan./jun.2006
CARACTERÍSTICAS ATUAIS DAS
CONCENTRAÇÕES INDUSTRIAIS CATARINENSES
Pablo Felipe Bittencourt1
Renato Ramos Campos2
Resumo
Este trabalho tem o objetivo apontar a localização da atividade industrial em
Santa Catarina e analisar características das concentrações regionais. Para isso,
calculou-se o coeficiente locacional do emprego e as importâncias mínimas das
atividades locais para os setores no Estado. Essa metodologia, possibilitou o
mapeamento das atividades que, neste caso, serviu de base para a discussão
das especificidades da estrutura industrial nas diversas regiões. Os resultados
mostram que as concentrações tradicionais apresentam dispersão para outras
regiões, que os setores apresentam localizações particulares em Santa Catarina
e que as concentrações identificadas podem ser objeto de política industrial.
Palavras chaves: Localização industrial e concentração regional
Classificação JEL: L190
1 INTRODUÇÃO
É usual nas análises sobre a economia catarinense a constatação da pre-
sença de grandes regiões especializadas em atividades produtivas industriais,
extrativas e agrícolas. No entanto, no interior destas regiões, quer por decorrên-
cia das especificidades dos seus processos de desenvolvimento endógenos quer
por suas relações com mercados nacionais e externos, suas estruturas produti-
vas, ao mesmo tempo em que mantêm em algum nível a especialização, têm
1 Doutorando em economia do PPGE/UFF. E-mail: pablofelipe.bittencourt@gmail.com
2 Professor do Programa de Pós-graduação em Economia da UFSC. E-mail: recampos@cse.ufsc.br
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Pablo Felipe Bittencourt • Renato Ramos Campos
Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.1, p.61-90 , jan./jun.2006
também apresentado significativos processos de diversificação. Este artigo pro-
cura captar esse fenômeno mapeando a localização geográfica das concentrações
industriais em Santa Catarina e analisando suas configurações produtivas atuais.
A análise da concentração foi feita através do coeficiente locacional (Ql) cal-
culado para as microrregiões catarinenses e divisões/CNAE/CNAE, como segue:
QL= (EMP divisão/CNAE i na mic./EMP microrregião j) / (total
do EMP na divisão/CNAE i no Estado/ total do EMP do Estado)
Buscando maior consistência na seleção das concentrações, foi usado um
segundo procedimento com o objetivo de excluir aquelas concentrações com bai-
xa significância de emprego, em cada divisão/CNAE em análise, para o Estado:
Part = (EMP divisão/CNAE i na microrregião j/ EMP da divisão/
CNAE i no Estado)*100
Observou-se ainda, por microrregião, o número de concentrações existen-
tes segundo as divisões/CNAE/CNAE que representam atividades relaciona-
das à mesma cadeia produtiva, permitindo a identificação de estruturas locais
setoriais mais complexas.
Identificadas as microrregiões onde se concentram as atividades, analisou-
se a presença de atividades produtivas setoriais em microrregiões contíguas às
principais concentrações, de forma a identificar possíveis expansões destas ati-
vidades para áreas vizinhas à da localização da principal concentração.
Além disso, o trabalho considera ‘concentrações secundárias’ aquelas
que não foram captadas pelo modelo descrito acima, mas que, apesar de
apresentarem menor relevância para o emprego do setor no estado, são im-
portantes para a estrutura setorial local devido ao volume de empregos que
geram no local.3 Na maior parte dos casos os resultados indicam o cresci-
mento de diversificação industrial das microrregiões.
Em cada uma das subseções do artigo, uma tabela por tipo de atividade
industrial ordena as principais microrregiões selecionadas conforme o número ab-
soluto de empregados na divisão/CNAE, além do valor do seu coeficiente locaci-
3 O cálculo de todos os QL e da participação do emprego local da divisão/CNAE em relação ao estado está em
Bittencourt (2006), com base no qual foram identificadas as “concentrações secundárias”.

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