Da China ao Rio, a fé clandestina

Católicos vivem raro momento de liberdadeFlávio Tabakflavio.tabak@oglobo.com.brLuiz Ernesto Magalhãesluiz.magalhaes@oglobo.com.brPadre Chinês. Pároco da Igreja São Francisco Xavier, na Tijuca, José Li Guozhong dá assistência a peregrinos que vieram da China para a jornada: eles fazem parte da igreja clandestina da China, que não tem relações com o VaticanoUnião. Mãos de peregrinos clandestinos chineses mostram símbolos religiosos católicos: temor de represálias no paísfotos de leo martinsCrucifixos, imagens religiosas, altar e muitos peregrinos animados. A igreja seria como as outras da Jornada Mundial da Juventude, não fosse por um detalhe: os olhos dos novos frequentadores são puxados, quase fechados. Alguns deles proibidos de ver, no dia a dia de seu país, até uma simples foto do Papa Francisco.A Paróquia Divino Espírito Santo, no Maracanã, é o polo dos orientais na JMJ. Entre católicos de Hong Kong, Taiwan e Macau, onde a religião é permitida, há os peregrinos "clandestinos". São grupos da China continental que se esforçam, do outro lado do mundo, para abastecer a fé perseguida pelo Partido Comunista.Acostumados a desconfiar de tudo e de todos, não dizem o nome tampouco permitem a divulgação de fotos. Temem represálias, até mesmo a prisão, no país onde a única igreja permitida - a Associação Patriótica Católica, que nomeia seus bispos - é controlada pelo governo, que não aceita o Vaticano.Eles lutaram para chegar ao Rio e tentam aproveitar ao máximo a liberdade religiosa daqui. Participam de catequeses e missas em mandarim. Cantam e caminham pela cidade com adereços chineses nos pulsos e bandeiras do país nas mãos. Alguns deles sequer foram batizados.Há 30 anos no Brasil, o padre chinês José Li Guozhong, da Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca, vem mantendo contato com esses grupos. Ele estima que há cerca de 70 peregrinos da China continental no Rio. Se os de Taiwan, Hong Kong e Macau entrarem na conta, diz ele, são 300. A maioria está hospedada em casas de família, e vários frequentam a Divino Espírito Santo.chegada por São PauloNão foi fácil chegar ao Rio. Alguns vieram por São Paulo para evitar eventuais desconfianças. Com a tradução do padre Li, um grupo de 11 chineses contou ao GLOBO que precisou de doações para comprar as passagens, já que são missionários na China e não têm dinheiro suficiente. Inscrições foram feitas com ajuda de conhecidos de Taiwan, Hong Kong e do Brasil. Alguns peregrinos dizem que o site da JMJ foi bloqueado no país...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT