A construção de um modelo comportamental americano, anterior às ações de violência do dia 11 de setembro de 2001, em Nova York. Uma visão antiapocalíptica

AutorGilberto Gomes Guedes
CargoEmpresário e Professor; Bacharel em Administração Pública e Privada; Especialista em Organizações e Administração Pública e Analista de Sistemas; Diretor Executivo da Escola de Idiomas Wisdom
Introdução

Este trabalho não tem a pretensão de apresentar os culpados pelos fatos ocorridos, muito menos de julgar este ou aquele país, mas sim, expor acontecimentos provenientes do fundamentalismo de alguns e o lamento por esse comportamento vergonhoso nosso, seres ditos humanos.

O trabalho foi desenvolvido sob três óticas, que de início aparentam seguir em paralelo mas que em determinados momentos se cruzam. E que são as seguintes:

* Apresentação de alguns momentos da história onde a violência teve um destaque maior, influenciado pelo comportamento político e econômico da época.

* Evolução da guerra de guerrilhas e do terrorismo.

* Colaboração para o entendimento das ações de violência ocorridas em Nova York na data de 11 de setembro de 2001 e a ponderação sobre o peso do comportamento americano nesses tristes fatos.

De início podemos entender que "comportamento violento", como termo atual, pode ser visto como um fenômeno social marcado pelo comportamento deliberadamente transgressor e agressivo, apresentado por um grande grupo de cidadãos ou por parte dele, num limite de determinado espaço.

Marx contra o capitalismo - comportamento violento moderno

A propósito da inadequada retribuição dada pelo New York Tribune a Karl Marx, disse o Presidente J. F. Kennedy, cem anos depois, durante um banquete: "Se um jornal capitalista de Nova York tivesse tratado Marx um pouco mais gentilmente, talvez a história tivesse seguido outro rumo" (Il Corriere della Sera, jan. 1966).

No início do século XIX, as condições materiais e morais do proletariado eram deploráveis mesmo nos países mais desenvolvidos. Os operários recebiam salários miseráveis; eram submetidos a horários impossíveis de trabalho; as energias de mulheres e crianças eram exploradas sem misericórdia; era proibido aos operários associaremse e a greve era considerada delito. As condições das plebes operárias na Inglaterra após 1815 mostravamse tão graves (nas minas inglesas o homem se tornava velho antes de chegar a ser jovem) que fizeram alguns pensadores prever o inevitável desencadear de uma tremenda revolução nesse pais. Por sorte, a nação inglesa conseguiu evitala graças a liberação dos sindicatos.

As casas irlandesas em 1825 não se chamavam sequer de casas, eram chamadas de cabanas, construídas com barro, cobertas de palha e de partes de um revestimento que eles denominavam scraw, e a chuva prolongada nelas penetrava invariavelmente.

Grande era a miséria das camadas trabalhadoras francesas, em 1840. Os operários da indústria têxtil geralmente eram desnutridos, sobretudo as crianças, magras e sem vivacidade. A tuberculose pulmonar atingia muito mais os operários do algodão e do linho do que os demais habitantes.

Na Rússia, os camponeses servos da gleba eram cerca de 22 milhões.

Na Itália, o camponês, não achando conveniente empregar seu parco dinheiro poupado na agricultura, sangrado pelos impostos e sufocado pelo protecionismo industrial, desperdiçavao em fúteis tentativas comerciais ou em despesas supérfluas (Marx, 1955).

Em toda parte, a alimentação dos camponeses do século XIX era pobre e substancialmente privada de carne, consumida pelos mais prósperos apenas no Domingo e nos períodos de trabalho pesado. Ela era basicamente composta de um pão negro e achatado embevecidos numa tigela de água salgada e óleo.

É nesse ambiente que surgem pensadores e críticos que mudaram o comportamento do mundo, como Friedrich Engels e Karl Marx. Eles incentivaram a revolução proletária, por força da qual se pode realizar a liberação econômica dos trabalhadores. Foi a primeira tentativa de revolução no sentido de arrebentar a máquina do estado burguês. Marx distinguiuse na luta contra a tirania internacional. É a luta dos oprimidos contra os opressores.

Vejamos algumas opiniões sobre as idéias de Karl Marx:

- Shumpeter, um dos maiores economistas do século XX, embora não concordando com Marx numa série de questões, estava de acordo com o comunismo na previsão da sobrepujança do capitalismo. Escreveu em uma de suas obras, Capitalismo, Socialismo e Democracia, que mesmo se os dados e os raciocínios de Marx fossem ainda mais errôneos do que o são na realidade, suas conclusões poderiam, todavia, ser válidas quando afirma, simplesmente, que a evolução capitalista terminaria por destruir os fundamentos da sociedade capitalista.

Para Celso Furtado, economista brasileiro,

"As idéias de Marx serviram como base para ação política, abrindo estradas aos movimentos de transformação social de nosso século. Contudo, sua in¬fluência como economista foi obscurecida pelo pouco conhecimento de sua obra científica. Se seu modelo tivesse sido estudado seriamente, e desenvolvido, teríamos tido a possibilidade de amadurecer muito antes um conhecimento mais profundo dos problemas do subdesenvolvimento" (Furtado, 1972, p. 144).

Robert C. Tucker, filósofo americano de nossos dias, intui um interessante paralelo entre Marx e os revolucionários não violentos de nosso tempo:

"Marx imaginou, erroneamente, que a força revolucionária e a violência poderiam ser meios para realizar não apenas uma nova sociedade, mas ainda um novo ser humano adulto que a compusesse; deixou, assim, a mestres como Gandhi e Martin Luther King a tarefa de mostrar aos homens como transformar a sociedade, de modo não violento, transformandose a si mesmos" (Trucker, 1972, p. 149).

"O fascínio que Marx exerce nas regiões subdesenvolvidas - afirma Charles F. Andrain, economista americano - deriva mais de seu fervor ético que de suas doutrinas filosóficas e econômicas, como a concepção materialista da história, a teoria do valortrabalho ou da maisvalia, ou a lei de acumulação capitalista. O marxismo oferece aos povos economicamente atrasados a esperança de atingir a igualdade, o progresso e o desenvolvimento científico. Para os povos da África e do Oriente Médio a importância atribuída ao progresso científico, à planificação econômica e à organização racional do trabalho promete a igualdade com as regiões industrializadas da Europa e dos EUA" (Andrain, 1975, p. 150).

Samuelson, conhecido economista americano contemporâneo, ao julgar as obras de Marx imputa a essa doutrina econômica, o não ter previsto as formas contemporâneas de exploração do proletariado no capitalismo. Além disso, o marxismo oferece uma base insuficiente para a compreensão do papel da política fiscal na manutenção do atual nível de emprego e, em geral, para explicar a evolução econômica da Europa Ocidental e dos EUA entre 1937 e 1967.

A literatura da teoria econômica radical é mais pródiga em críticas à teoria econômica tradicional do que em soluções que proporcionem novas estruturas de análise para as reformas radicais. O Marxismo é importante para os economistas radicais, mas não é preponderante em seu pensamento. Entre eles, muitos são antes anarquistas que propriamente socialistas, e outros tantos, nem uma coisa, nem outra. O aspecto do Marxismo que mais os atrai é o conceito de alienação do trabalhador, sob a coação irresistível do Capitalismo.

Os países subdesenvolvidos e a política internacional - comportamento violento moderno

Atualmente, os países mais desenvolvidos do mundo definem seus objetivos de política externa levando em conta sempre a ordem social interna favorável aos interesses capitalistas para não desafiar os objetivos básicos da política externa americana. Alguns desses países também procuram exercer sua soberania e procuram tirar proveito das contradições da ordem internacional. Destacase o papel das empresas multinacionais na ordem econômica mundial e o apoio que elas recebem das políticas externas de seus países de origem, bem como dos EUA.

Contudo, devemos lembrar que é através de contradições que evolui o processo histórico. As contradições entre...

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