Correntes teóricas da Arquivologia

AutorCarlos Alberto Ávila Araújo
CargoUniversidade Federal de Minas Gerais
Páginas61-82
61
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 18, n. 37, p.
61-82, mai./ago., 2013. ISSN 1518-2924. DOI: 10.5007/1518-2924.2013v18n37p61
Correntes teóricas da Arquivologia
Theoretical currents of Archival Science
Carlos Alberto Ávila ARAÚJO
1
RESUMO
A Arquivologia se constituiu, como disciplina científica, no final do século XIX, a partir da
consolidação de um modelo custodial e patrimonialista. No século XX, desenvolveram-se
diversas teorias, sistematizadas neste texto e m quatro e ixos, ampliou s eu escopo de estudos e
problematizações. Como efeito desta ampliação, d esenham-se perspectivas contemporâneas
com modelos sistêmicos, abarcando diferentes tipos de arquivos, preocupadas com o contexto
sociocultural dos arquivos e também inserindo nas práticas as tecnologias digitais.
PALAVRAS-CHAVE: Information Literacy. Competência em Informação. Leitura. Mediação de
Leitura. Biblioteca Pública.
ABSTRACT
Archival Science was formed, as a scientific discipline, i n the l ate nineteenth centur y, from the
consolidation of a custody and heritage model. In the twentieth c entury, several th eories have
been developed, systematized in this a rticle in four axes. As a result, Archival Science has
expanded its scope of studies. As a result of this expansion, there a re contemporary perspectives
with systemic models, c overing different types of archives, concerned with th e sociocultural
context of the archives, and also insering digital technologies in the practice of archives.
KEYWORDS: Archival Science. Epistemology of Archival Science. Theorerical currents of
Archival Science.
1 Universidade Federal de Minas Gerais - casalavila@yahoo.com.br
ARTIGO
Recebido em:
04/03/2013
Aceito em:
27/07/2013
v. 18, n. 37, 2013.
p. 61-82
ISSN 1518-2924
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1 INTRODUCÃO
O campo relacionado aos arquivos tem uma longa história (de, ao menos, alguns
milênios) enquanto atuação profissional e prática institucional. Sua construção
enquanto campo de conhecimento autônomo vem se processando nos últimos cinco
séculos, sendo que sua consolidação enquanto uma disciplina científica se deu no final
do século XIX (RUFEIL, 2009). De lá para cá, diversos estudos, pesquisas, práticas e
reflexões foram se desenvolvendo, constituindo diferentes perspectivas ou correntes
de estudo, que resultam hoje na riqueza e diversidade conceitual e teórica que compõe
o campo da Arquivologia.
O objetivo deste texto é apresentar uma sistematização dessa produção
científica diversa, por meio do agrupamento de teorias e reflexões a partir de sua
filiação, mais ou menos explícita, às diversas correntes de pensamento que perpassam,
de uma maneira geral, as várias ciências sociais e humanas nas quais a Arquivologia
se insere enquanto modalidade específica do conhecimento científico.
Para a consecução deste objetivo, foi realizado um amplo rastreamento na
literatura da área, produzida em diferentes épocas e em diferentes contextos,
selecionada principalmente a partir de sua presença em manuais, tratados e livros
introdutórios ao campo da Arquivologia. A seguir, procedeu-se à i dentificação dos
fundamentos destas produção teórica, para então se realizar o agrupamento do qual
resultaram os eixos apresentados a seguir.
2 DAS ORIGENS À CONSOLIDAÇÃO CIENTÍFICA
Refletir sobre a origem da Arquivologia conduz obrigatoriamente às primeiras
atividades c ulturais humanas entendendo aqui cultura como a ação simbólica,
humana, de interpretar o mundo e de produzir registros materiais dessas ações em
qualquer tipo de suporte físico. É uma parte destes primeiros registros materiais que
constitui a origem daquilo que séculos depois será conhecido como documento de
arquivo Mas foi com a invenção da escrita e do estabelecimento das primeiras cidades,
no início dos processos de fixação das coletividades num território específico, há mais
de cinco milênios, que apareceram as primeiras manifestações de espaços específicos
(que seriam conhecidas, séculos depois, como as instituições arquivísticas voltados
para a guarda e a preservação de acervos documentais. No Egito Antigo, na Grécia
Clássica, no Império Romano, nos mundos árabe e chinês do primeiro milênio e na
Idade Média na Europa, ergueram-se e consolidaram-se diversos arquivos relacionados

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