Crise de credibilidade: com um pé atrás

O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, explica que o prêmio de risco é uma combinação de diversos fatores, entre eles, o crescimento da economia, a inflação e as contas públicas. Por isso, num momento em que esses indicadores apresentam uma piora, os investidores cobram mais caro para apostar no mercado nacional.problemas internos em xeque— No Brasil, o que se vê é uma acomodação do crescimento que torna o país menos atraente. Esse quadro acaba se agravando com problemas como a falta de transparência na área fiscal — afirma Padovani.As taxas do CDS de cinco anos ainda não colocam o Brasil numa situação como a do fim de 2008, quando começou a crise econômica internacional e elas chegaram perto de 400 pontos. Em 2009, por exemplo, a taxa alcançou 360 pontos base. Mas o país já viveu períodos bem mais favoráveis em relação à confiança dos investidores, como em maio de 2007, por exemplo, quando a taxa do CDS estava em 67 pontos.Outro sinal da perda de credibilidade está na alta do dólar e na redução dos investimentos estrangeiros diretos em capital, destaca o diretor da corretora de câmbio NGO, Sidnei Nehme. Ele reconhece que o câmbio e o fluxo de recursos estrangeiros que ingressam no país estão sendo fortemente afetados pelas mudanças na política monetária dos Estados Unidos, que vêm provocando uma fuga de capital de economias emergentes, mas acredita que a desconfiança dos investidores acaba sendo maior em relação ao Brasil devido aos problemas domésticos.— O governo joga a culpa no mercado internacional, mas a verdade é que os problemas internos são mais agudos que os externos — afirma Nehme.Esta também é a avaliação do economista sênior do BES Investimento, Flávio Serrano:— O governo quer atribuir seu insucesso a fatores externos. Mas é equivocado dizer isso. A possibilidade de as agências de classificação de risco rebaixarem a nota brasileira é fruto das políticas adotadas no Brasil.Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e fundador da Schwartsman y Associados, se o governo tivesse mantido uma política fiscal mais sólida e a inflação próxima ao centro da meta, o país estaria melhor agora, num momento em que o mundo olha as economias emergentes com desconfiança. No ano passado, o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) ficou em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), sendo que meta era de 2,3% do PIB. Já a inflação terminou o ano em...

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