Delírio no Cabaret do tempo

AutorGeorge Luiz França
Páginas272-298
BOLETIM DE PESQUISA NELIC
V° 9 - N° 14
Ahead of print
DO COMEÇO AO FIM DO POEMA
Alberto Pucheu
BOLETIMDEPESQUISANELIC
914
Empercurso
DELÍRIONOCABARETDOTEMPO:
Corpo,Escritura,Silêncio
GeorgeFrança
Em percurso – Delírios no Cabaret do tempo – George França Boletim de Pesquisa NELIC v. 9, nº 14. 2009.2
272
Às portas do cabaré, programa em mãos, sinto-me
premido ou como que compelido por questões que elejo como
minhas contemporâneas, mas que me precedem e me sucedem.
Quem sabe as deseje; quem sabe elas me desejem, me suguem
em torvelinho, torturem-me ao ponto de preferir não, à moda do
Bartleby de Melville. Num conjunto disperso do que não sei
como chamar, já que abdico de antemão a toda questão de
gênero, de categoria, de classe, de taxonomia, de hierarquia,
defronto-me com possibilidades de mitologias. Desfilam aos
meus olhos mitos disseminados, desconfigurados, agônicos, que
se recusam a explicar. Os enunciadores, um conjunto de
desconjuntados, equivocamente se esbarram: são todos sem-
família. Talvez, com Bataille, paradoxalmente se possa dizer que
formam a família dos sem-família. Ou então, são apenas um
conjunto aleatório e dessemelhante arrolado, convocado e
instaurado por um sujeito que devém e que se defronta com um
Le réel ne peut s’exprimer que par l’absurde.
(Paul Valéry)
Quando estou falando sobre o tempo
eu sei sobre o que estou falando.
(Kurt Schwitters)
Yo me sucedo a mi mismo.
(Belardo, Las máscaras de Belardo, Lope de Vega)

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT