Depois de largar a escola, o difícil recomeço

MARIA MARTA (de blusa xadrez) voltou à escola depois de 29 anos e estuda numa turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Recife: "Este ano, faltei duas vezes por problema de saúde e uma vez quando tive que trabalhar"Carolina Benevides, Letícia Lins e Marcelle Ribeiroopais@oglobo.com.brRIO, RECIFE e SÃO PAULO. Depois de 29 anos longe dos bancos escolares - parou aos 14, na 4ª série do Ensino Fundamental - a alagoana Maria Marta dos Santos, de 43 anos, voltou a estudar este ano. Ela está matriculada na Escola Estadual Regueira Costa, em Recife, onde cursa a Educação de Jovens e Adultos (EJA), e orgulha-se de só ter faltado três vezes durante o ano. Assim como Maria, 2,8 milhões de pessoas com 15 anos ou mais estão matriculadas no Ensino Fundamental em turmas de EJA. No Ensino Médio, segundo dados do Censo Escolar 2010, 1,4 milhão está matriculado.- Este ano, faltei duas vezes por problema de saúde e uma vez quando tive que trabalhar. Fui para a aula até no dia do aniversário da minha patroa. Ela acabou indo me buscar e perdi as aulas finais, mas fui porque não queria mesmo faltar - conta Maria, que pretende fazer um curso técnico de enfermagem.Além das turmas de EJA, um outro programa leva de volta à sala de aula aqueles que têm 15 anos ou mais: O Brasil Alfabetizado, que desde 2003, segundo o Ministério da Educação (MEC), atendeu 13.667.039 pessoas analfabetas. No ciclo 2010, de acordo com o MEC, 1,5 milhão está sendo alfabetizado. Desses, 18% têm entre 15 e 29 anos, 44% estão entre 30 e 49 anos, 25% possuem entre 50 e 64 e 13% possuem 65 anos ou mais. Os cursos podem durar entre seis e oito meses, dependendo da carga horária.- O Brasil quase universalizou o ensino nos primeiros anos do Fundamental, mas a demanda da educação de jovens e adultos no Fundamental II e no Ensino Médio tende a crescer. Temos 70 milhões de brasileiros que deixaram a escola antes de concluir a Educação Básica. E, ainda hoje, muitos jovens de baixa renda com 12, 13 anos largam a escola para entrar no mercado de trabalho ou porque não se sentem valorizados - diz Roberto Capelli, coordenador do Programa de Educação de Jovens e Adultos da Ação Educativa.Em Pernambuco, 143 mil frequentam turmas de EJASegundo Capelli, o país precisa investir nesse segmento para que mais pessoas cheguem às salas de aula:- Temos pouco mais de 4 milhões de matrículas de EJA. E são 70 milhões sem concluir a Educação Básica. Então, existe a necessidade de buscar esse aluno, de convidá-lo a ir Ã...

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