Discurso com imagens

Reunindo artistas como Miguel Rio Branco, Claudia Andujar e Rosângela Rennó, mostra promovida pelo Instituto Moreira Salles, com abertura no dia 9, exibe trabalhos que valorizam todos os elementos do livro, da edição das fotos ao design, para construir ensaios inovadoresRony MaltzEspecial para O GLOBO, de Nova Yorkprosaeverso@oglobo.com.brClaudia Andujar. Imagemdo fotolivro "Amazônia", censurado em 1978 pelo regime militar e incluído na mostra:"A edição foi a continuaçãodo ato de fotografar",diz AndujarMiguel Rio Branco. Imagens de "Você está feliz?", fotolivro mais recente do autor, de 2012: "O livro temque ter uma construção. O que importa é o todo, o discurso", afirma Rio BrancoDivulgação/ Fotos de Claudia AndujarDivulgação/ Fotos de Miguel Rio Brancoo livro como espaço de exposição para fotografiasAnarrativa começa sobrevoando a selva amazônica. Cada página virada abre um horizonte saturado de cores e texturas exuberantes, e a sensação é de avançar pela topografia, explorando a natureza da região: o céu azul espelhado nas águas lisas do rio, chapadas ocultas sob o colchão de nuvens. A imagem pousa na mata fechada logo abaixo: estamos entre os Yanomami. Em poucas fotografias, o olhar percorre da longínqua paisagem aérea aos rostos dos indígenas em close-up, intimidade que levou anos para ser conquistada.- Quando fui lá pela primeira vez, não pensei em livro nenhum. A edição foi a continuação do ato de fotografar. Comecei em 1971, com uma bolsa da Fundação Guggenheim, e virou a minha vida - conta Claudia Andujar, suíça naturalizada brasileira e coautora de "Amazônia" com George Love, seu marido na época.O livro raro de Andujar e Love é uma das 80 obras selecionadas para a exposição "Fotolivros latino-americanos", que estreia em 9 de março no Instituto Moreira Salles, no Rio. A mostra, que conta ainda com trabalhos de Miguel Rio Branco, Rosângela Rennó, José Medeiros, Boris Kossoy, Cássio Vasconcelos e Claudia Jaguaribe, entre outros, já passou por Madri, Paris e Nova York antes de chegar à cidade, de onde segue para São Paulo e Buenos Aires.Na edição original, de 1978, "Amazônia" tinha prefácio do poeta Thiago de Mello. Mas o regime militar censurou o texto, o livro foi recolhido e nunca foi a público, lembra Claudia, que no mesmo ano foi expulsa da área pela Funai. O Brasil vivia o auge da ditadura e a região Norte era alvo de diversas obras desenvolvimentistas, entre elas a construção da estrada Perimetral Norte, que cortaria uma imensa área de...

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