Alerta para a ameaça emergente dos novos riscos existenciais

Cientista cria centro para investigar catástrofes causadas pelo homemVivian OswaldCorrespondentevivian.oswald@oglobo.com.brMartin Rees. Considerado um dos maiores nomes da ciência, ele coordenará grupos multidisciplinares que avaliarão os maiores riscos à existência do homemLucinda Douglas-Menzie/DivulgaçãoO senhor afirma que o mundo está mais sujeito a riscos de catástrofes e que é difícil convencer as pessoas disso. Ficamos todos céticos?Temos que saber diferenciar o que são ameaças genuínas do que é ficção científica. As pessoas não sabem reconhecer os riscos reais. A ciência hoje é tão poderosa que um único indivíduo pode cometer um erro capaz de causar uma catástrofe. Os riscos existenciais estão mais em ações provocadas pelo homem do que pela natureza. Descobertas sempre podem ser usadas para o bem ou para o mal. O laser pode estar num leitor de DVD ou numa cirurgia ocular, mas também produzir uma arma. A ciência nuclear pode ser usada para fabricar bombas ou gerar energia. Não queremos impedir os avanços da ciência, nem podemos. Precisamos garantir que podemos maximizar os benefícios das descobertas e minimizar os riscos.O senhor se refere a riscos existenciais específicos, como energia nuclear, e novas tecnologias da biologia e da cibernética. Que ameaças exatamente são essas?Estas são algumas. Um ponto importante que devo mencionar é o fato de que nos preocupamos demais com riscos muito pequenos como contaminação de alimentos que podem prejudicar a nossa saúde, acidentes de avião, por exemplo. Mas não nos preocupamos suficientemente com problemas mais sérios, tão sérios que, se acontecerem uma única vez, podem desencadear uma grande catástrofe, como a rápida disseminação de epidemias nas cada vez maiores cidades do mundo em desenvolvimento, danos ambientais causados pelo crescimento populacional descontrolado, escassez de recursos e mudanças climáticas. O que estamos tentando fazer em Cambridge é montar um grupo de algumas pessoas que vai pensar sobre essas ameaças.Mas essas coisas pequenas não são sérias também?Claro, e não é uma coisa ruim se preocupar com elas. Mas, em proporção aos chamados riscos existenciais, não nos preocupamos o suficiente. E estes últimos, embora tenham uma probabilidade pequena de se concretizar, têm consequências que podem ser desastrosas. O que fazemos é buscar o equilíbrio e dar atenção para riscos que não estão bem caracterizados. E temos que levar em conta que, quando uma coisa não é familiar, não significa que não...

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