A escrita sem regras de Lydia Davis

Seja em contos curtíssimos, ensaios ou 'ficções biográficas', americana vê narrativa em todos os seus textosGuilherme FreitasDe Paratyguilherme freitas@oglobo.com.brProsa sem limites. Lydia Davis em Paraty, onde participa de mesas na Casa da Cultura e na Tenda dos Autores: obra da escritora teve influência decisiva do ofício de tradutoraLeo MartinsA posição de Lydia Davis como uma das principais contistas contemporâneas foi reforçada este ano, quando a escritora americana recebeu o prestigioso prêmio Man Booker International. Mas ela é reconhecida também por suas versões para o inglês de clássicos franceses, como "O caminho de Swann", de Marcel Proust, e "Madame Bovary", de Gustave Flaubert. Para Lydia, longe de ser apenas um ganha-pão, a atividade de tradutora está diretamente ligada à de escritora. Foi na época em que lidava com as longas e intrincadas frases de Proust, por exemplo, que desenvolveu, quase como resposta, uma de suas marcas de estilo: histórias muito curtas, muitas vezes compostas apenas de título e uma frase, como "Índice remissivo" ("Cristã, não sou") ou "Assustada de repente" ("porque não conseguia escrever o nome do que ela era: uma me lhumer melhur ulher melhur muler").Na Flip, Lydia falará sobre esses dois lados de sua carreira. Hoje, às 18h, na Casa da Cultura, ela participa da mesa "Traduzir Flaubert", promovida pelo GLOBO. Lydia conversará com o crítico e tradutor Samuel Titan Jr., responsável, em parceria com o escritor Milton Hatoum, pela versão brasileira de outra obra do francês, a coletânea "Três contos" (Cosac Naify). Já no sábado, às 17h15m, na Tenda dos Autores, ela encontra o irlandês John Banville na mesa "Os limites da prosa", na qual debaterá as inovações formais de seus livros, como "Tipos de perturbação" (Companhia das Letras), sua primeira obra lançada no Brasil.LIÇÕES SOBRE A CONCISÃO E O nARRADORLydia lembra a influência decisiva do ofício de tradutora em sua obra. Ela já escrevia contos de até um parágrafo desde a década de 1970. Mas foi o trabalho com a obra de Proust, nos anos 1990, que a fez radicalizar sua investigação sobre a concisão narrativa.- Traduzir me deixa ainda mais consciente sobre a grande capacidade da língua inglesa, mas também sobre seus limites - diz Lydia, que também escreve contos longos (em "Tipos de perturbação" há alguns com mais de 20 páginas) e já publicou um romance, "The end of the story", mas sempre com uma linguagem enxuta e inventiva. - No início da carreira, eu escrevia histórias...

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