'Francisco reforma a figura do papa'

Expoente da Teologia da Libertação envia seu livro ao Santo Padre e tem à frente uma possível reconciliaçãoHelena Celestinohelenac@oglobo.com.brBoff. Condenado, em 1985, a "silêncio obsequioso", ele acredita na renovação da imagem do PapaArquivo/15-03-2007Leonardo Boff, o personagem mais identificado com a dissidência à esquerda da Igreja católica, recebeu um recado do Papa: ele quer ler seu livro. Encantado, o teólogo já enviou à Arquidiocese do Rio o presente para Francisco e pode até encontrá-lo na cidade. Se isso acontecesse, seria o fim de uma polêmica que fez mal à imagem da Igreja: por discordar do pensamento único do Vaticano, Boff foi obrigado a ficar em silêncio. Agora, está entusiasmado.Por que o Papa Francisco mudou sua avaliação?Ele se mostra como um pastor. Assume as virtudes de São Francisco, que são a pobreza, a humildade e a proximidade com o povo. Isso nos dá muita esperança.Vai se encontrar com o Papa?Ele quer receber meu livro. Mandou essa mensagem por uma amiga. Eu já entreguei a obra ao arcebispo do Rio e espero que o Papa receba. Se ele quer me ver ou não, deixo em aberto.Mas vai participar dos eventos da Jornada Mundial da Juventude?Dos quatro dias em que o Papa estará no Rio, vou estar fora por dois. Há muitos meses aceitei convite para falar para dois mil estudantes em Santa Catarina e 1.500 em São Paulo. Não posso desmarcar. Por isso, vou acompanhar pela TV. No domingo, dia 28, estarei aqui.De concreto, o que mudou nesses quatro meses de papado?O mais concreto é a reforma do papado, não a reforma da Cúria. Estávamos habituados àquela imagem do papado quase imperial, do papa como Sua Santidade, no Palácio Pontifício. Aí vem alguém do Grande Sul, onde vivem 62% dos católicos, onde estão a grande pobreza e a miséria da humanidade, e traz uma experiência nova de igrejas que não são mais reflexos das europeias, de igrejas que têm formas diferentes de viver junto à fé. Ele reforma a figura do Papa. Nossos bispos não são autoridades eclesiásticas de costas para o povo, são pastores, que andam no meio do povo. Francisco vive numa casa de hóspedes, come com todo mundo, dispensa todos os símbolos e instrumentos do poder - carro especial, roupa própria de quem tem a suprema autoridade - e nem quer ser chamado de Sua Santidade. Diz que é irmão entre irmãos. Ele renova a imagem do papa. Não...

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