A grife da inclusão social chega à favela

Ascensão das classes C e D leva marcas a investirem em projetos de profissionalização e geração de rendaLaura Antuneslaura@oglobo.com.brLeticia Helenaleticiah@oglobo.com.brMúsica. Os alunos do curso de DJs do AfroReggae em ação: a parceria com a Red Bull se reflete nas letras dos funks de ostentaçãoBeleza não cansa. Dona do minúsculo salão Rosa Hair, Rosângela Matias dos Santos atende no Alemão com produtos da L'OréalReciclagem. Regina Maria Gomes, que coordena o ateliê de artesanato, orienta três jovens aprendizes, que integram uma das turmasGustavo StephanDaniela DacorsoDaniela DacorsoUm olho no consumidor, o outro na inclusão social. Gigantes em seus ramos de atividade, marcas internacionais, que até um passado recente não tinham seus nomes associados às agora cobiçadas classes C e D, descobriram esse mercado potencial das favelas cariocas. E para gravar suas logos no coração da nova classe média, investem em projetos que nem de longe lembram aquela velha prática de uma ajudinha aqui, uma oficina ali, uma aula de artes acolá. Multinacionais criam cursos profissionalizantes, montam sistemas de microcrédito e dão consultoria em gestão de pequenos negócios. Ainda trabalham com arte, música e esportes, mas vão além da filantropia. Em vez de dar o peixe, ajudam o morador dessas comunidades a comprar (e administrar) a própria vara de pescar. E nessa cadeia produtiva, a renda desses cidadãos cresce e sobra mais para consumir. No fim das contas, todo mundo sai no lucro.- Há dez anos, esse mercado não atraía as grandes empresas. Hoje, quem não se inserir nele vai perder a corrida - diz Weider Campos, diretor da marca Matrix, da L'Oréal.- Quem faz o curso, fica com a marca na cabeça. Não é à toa que tem tanto funk por aí falando em Red Bull - acrescenta o rapper Marcelo Dughettu, coordenador da oficina de DJs da empresa de energéticos em Vigário Geral.De fato, quem entra hoje numa favela pode se surpreender com a quantidade de propagandas de grifes. Com layouts fornecidos pelas próprias empresas, cada um produz seu próprio cartaz. Um errinho de português (ou de inglês) não tira a força da proposta: mostrar que empresas como Coca-Cola, Nike, L'Oréal, Red Bull estão ali, do ladinho de casa, oferecendo uma parceria ao seu novo cliente. Marcas que, até poucos anos, os moradores dessas comunidades viam apenas em vitrines do asfalto.- A classe C de hoje pode ser a classe A/B de amanhã. É o movimento que vimos ocorrer ao longo dos últimos anos. A marca que trabalha...

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