Longe das grades

Recursos garantem liberdade a PMS condenados a 156 anos pela invasão de presídioLeonardo Guandeline, Roberta Scrivano e Tatiana Farahopais@oglobo.com.brFim do julgamento. Os promotores Marcio Friggi e Fernando Pereira de Souza deixam o Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulomauricio camargo/brazil photo pressmassacre do carandiruSÃO PAULO Condenados na madrugada de ontem a 156 anos de prisão pela morte de 13 dos 111 detentos durante a invasão da Casa de Detenção do Carandiru, em outubro de 1992, os 23 policiais militares responsáveis pelos crimes poderão recorrer em liberdade e não têm prazo para ir para a cadeia. Outros três foram absolvidos por não estarem na cena do confronto.A decisão foi apertada, e os jurados se dividiram no julgamento da conduta dos militares - quatro deles votaram pelas condenações e três foram contra -, o que abre espaço para a defesa dos réus questionar a sentença em recursos em instâncias superiores.Logo depois de proferidas as sentenças, ainda na madrugada de ontem, a advogada Ieda Ribeiro de Souza anunciou que irá recorrer. Para Ieda, a condenação por apenas um voto não reflete a vontade da sociedade brasileira. Em 2006, outro recurso conseguiu absolver, no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, o coronel Ubiratan Guimarães, comandante da invasão, que cinco anos antes fora condenado pelo tribunal do júri.- É um despropósito jurídico, esse é o cunho político do julgamento - criticou a advogada.Não é como pensa o promotor Fernando Pereira da Silva, que defendeu as punições, consideradas por ele "adequadas" e baseadas "num estudo bastante aprofundado do processo". Márcio Friggi, também promotor integrante da acusação, classificou os 23 condenados como "maus policiais" de uma "instituição gloriosa", a Polícia Militar.A divisão dos jurados e a permanência dos condenados em liberdade levaram especialistas e defensores de direitos humanos a questionarem o efeito prático da decisão, o que pode reforçar o sentimento de impunidade na sociedade. Eles também lamentaram a não responsabilização de autoridades da época pelo massacre.Para o diretor-adjunto da ONG Conectas, Marcos Fuchs, a decisão foi "dura, mas sem eficácia".- Os policiais vão responder em liberdade, e não acredito que serão presos. O júri pode ser anulado, e eles podem recorrer às instâncias superiores. Só para chegar ao Supremo, esse caso levará dez anos - afirmou o diretor da ONG, responsável por levar aos tribunais internacionais os casos de...

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