mam de sp revê escultora surrealista

Com 30 obras, exposição é uma das maiores em torno de Maria Martins, artista reconhecida tardiamenteAudrey Furlanetoaudrey.furlaneto@oglobo.com.brDelírios. Tanto na escultura de 1943 "Iacy" (acima) quanto em "N'oublies pas que je viens des tropiques" (1945), a artista mineira abandona maneiras convencionais de representaçãoPara a renomada crítica inglesa Dawn Ades, suas peças pareceram, à primeira vista, "fortes e estranhas". O escritor surrealista André Breton via em sua obra "vozes imemoriais". Houve quem escrevesse também que sua escultura era de um "barroco assustador". Maria Martins (1894-1973) foi prontamente aplaudida pela crítica internacional e pela vanguarda da arte fora de seu país natal. Aqui, por outro lado, viu o crítico Mário Pedrosa escrever, com ironia, que sua obra era "desesperado capricho".Demorou, enfim, para que tivesse reconhecimento no Brasil. Demorou tanto que as exposições em torno de sua obra foram poucas. Antes de "Maria Martins: Metamorfoses" - retrospectiva que o MAM de São Paulo abre hoje, às 19h, para convidados - sua última grande mostra institucional foi em 1997 (há 16 anos, na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, também em São Paulo). Os mais importantes livros sobre a artista também tardaram - surgiram no fim dos anos 2000.transformar a formaO intervalo entre as exposições é muito longo dado o porte da artista: uma das mais importantes do país, ficou internacionalmente conhecida como "a escultora do surrealismo". A exposição do MAM-SP reúne agora 30 esculturas dela, além de gravuras e escritos da mineira. O número de obras da mostra é alto, levando-se em conta que a produção de Maria não deve ultrapassar 200 peças. Boa parte delas vem de colecionadores privados (Jean Boghici é o maior deles, dono de 20 esculturas da artista) e de museus americanos (as instituições dos EUA têm mais obras da artista do que as brasileiras).Isso é resultado justamente de seu prestígio internacional e do fato de ter construído a carreira fora do Brasil. Ela deixou o país nos anos 1920, casou-se na Europa com o diplomata Carlos Martins e só voltou em 1950, quando a arte nacional, então, valia-se sobretudo de formas construtivas. Maria, não: ela fabricou metamorfoses, corpos estranhos que parecem ora animais, ora vegetais, contorcem-se a partir do chão e explodem disformes, delirantes.- Ela voltou ao país com essas esculturas, que falavam da natureza ou muito abertamente de um feminino, da vulva, do desejo, que são temas complicados até...

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