Nas favelas, uma década de conquistas

poder de compra Dados do IBGE revelam que renda de moradores cresceu 109% entre 2000 e 2010Natanael Damascenonatand@oglobo.com.brSelma Schmidtselma@oglobo.com.brPaisagem dividida. O bairro da Gávea e a Rocinha, vistos do alto, são os dois lados de uma cidade que, agora, assiste a uma transformação na economia das favelasCustodio CoimbraHá 18 anos, Rosana Batista teve um estalo: decidiu ampliar a casa onde mora no alto do Morro da Providência, no Centro, pertinho de onde há atualmente uma das estações do teleférico, e criar um bar. De lá para cá, o negócio de Rosana, que nasceu e se criou na comunidade, vai de vento em popa. Até alvará ela conseguiu para o Sabor das Louras e Gelada do Moreno, em 2010. Com subsolo e três andares - incluindo o terraço -, o prédio se destaca na favela. Hoje, ela vende de 30 a 40 refeições por dia. De noite e nos fins de semana, são a cerveja e os petiscos que fazem sucesso. Especialmente o salgadinho com massa de abóbora e recheio de camarão, que acabou num livro sobre gastronomia lançado em abril. Por mês, Rosana consegue faturar de R$ 3 mil a R$ 4 mil.A empresária não sabe, mas faz parte de um movimento que está levando mais dinheiro para as favelas cariocas. Uma equação que, em uma década, juntou bons momentos da economia, programas de distribuição de renda, pacificação e investimentos públicos visando a preparar a cidade para os grandes eventos que desembarcam por aqui a partir deste ano. Isso fez com que a renda das favelas cariocas crescesse mais que a das comunidades do restante do país. Os números são do IBGE e mostram que, em dez anos, o valor do rendimento nominal mediano mensal das pessoas que moram em favelas do Rio cresceu 109% entre 2000 e 2010, passando de R$ 244 para 510 (metade ganha acima e metade abaixo desses valores). Um crescimento acima até da inflação do período, que foi de 99%. Já em todo o país, o aumento da renda nos aglomerados subnormais - termo usado pelo IBGE para classificar as favelas - foi de cerca de 85% (de R$ 200 para R$ 370). Essa nova realidade da cidade será mostrada na série Retratos Cariocas, que O GLOBO publica a partir de hoje. As reportagens tiveram como base informações do IBGE e um estudo do Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura, realizado a partir...

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