radicalismo na frança

paris A Frente Nacional (FN), sigla de extrema-direita francesa, estaria deixando de ser uma força política marginal para se tornar o primeiro partido do país? A questão emergiu ontem após a divulgação de uma pesquisa que coloca o partido de Marine Le Pen no topo das intenções de voto para as eleições do Parlamento Europeu, agendadas para maio do ano que vem. Na sondagem feita pelo instituto Ifop para o semanário “Le Nouvel Observateur”, a FN teve 24% da preferência dos eleitores, dois pontos percentuais acima da União por um Movimento Popular (UMP), de direita, e cinco pontos percentuais à frente do Partido Socialista (PS), de esquerda. É a primeira vez que a extrema-direita lidera uma pesquisa de âmbito nacional na França.O Ifop sinaliza uma “dinâmica ascendente” do FN, único partido que vem crescendo nas últimas pesquisas eleitorais. Na análise dos dados da sondagem, a extrema-direita aumentou seu potencial de eleitores entre os idosos, os trabalhadores e também entre os franceses que contribuíram para a vitória do socialista François Hollande no pleito presidencial de 2012 — na pesquisa feita em maio passado, apenas 3% deles disseram que mudariam seu voto para a FN, índice que subiu, hoje, para 11%.uma esquerda desorientadaO analista político Nicolas Sauger, do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences-Po), relativiza o desempenho da direita radical e também a alusão da FN como possível primeiro partido francês.— Esta é uma questão ao mesmo tempo simbólica e retórica, na medida em que a verdadeira pergunta é se a FN será capaz de alcançar uma maioria numa eleição legislativa ou presidencial, e até prova em contrário sabemos que ainda se está muito longe disto. Num segundo turno de eleição presidencial entre François Hollande e Marine Le Pen, é certo que ela perderia amplamente a disputa — avalia.No caso do pleito europeu, Sauger alerta que as campanhas eleitorais ainda nem começaram, e que os escores do conjunto das forças de esquerda e de direita ainda são superiores ao da FN. Na sua opinião, a intenção de voto da FN demonstrada pela pesquisa pode ser verdadeira como também superestimada, lembrando ainda que nas eleições europeias o índice de abstenção é bastante elevado. O verdadeiro teste para a extrema-direita, segundo ele, será a performance no pleito municipal, em março de 2014:— Se as duas eleições confirmarem o crescimento da FN, para um índice em torno de 25%, o resultado será bem mais traumático em nível municipal do que europeu, pela...

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