Ricardo III

de CuritibaMontagem de Gabriel Villela para o texto de Shakespeare mistura linguagens na abertura do festivalOS CLOWNS de Shakespeare no espetáculo dirigido por Gabriel Villela: ele exigiu uma apresentação na ruaLuiz Felipe Reiss ruas do Largo da Ordem, no centro de Curitiba, já estavam apinhadas de gente. Faltavam 30 minutos para o início de "Sua incelença, Ricardo III", mas as três pequenas arquibancadas montadas pela produção não comportavam mais ninguém. Sentados no chão ou de pé, curiosos se espremiam a cada minuto em busca de um ou dois paralelepípedos que pudessem servir de assento. A aglutinação servia também para amenizar os ventos gelados e as finas gotas de chuva que caíam do céu e ameaçavam estragar a noite. Mas exatos cinco minutos antes de os atores do Grupo Clowns de Shakespeare tomarem a frente da plateia, a chuva definitivamente cessou para o sertão passar. E durante pouco mais de uma hora, o que se viu foram espectadores absolutamente entregues à  adaptação dirigida por Gabriel Villela para o texto de Shakespeare que abriu o Festival de Curitiba 2011, na noite de terça-feira.- Essa montagem me lembra a que fiz ao lado do Galpão, com "Romeu e Julieta", mas os mineiros são mais metafísicos, enquanto os nordestinos, mais telúricos. Acho que eles trazem um humor e um modo em cena mais rasgado, cutâneo, visceral - disse o diretor. - E é por isso que as pessoas mergulham. A rua é corrosiva... Então, é uma condição que se pede ao teatro de rua: criar um magnetismo que consiga se sobrepor a todas as interferências que atravessam o espetáculo.Ciranda e rock clássicoA sirene de um carro de polícia que soava ao fundo, a fumaça e o cheiro da carne em brasa numa barraca de churrasquinho ao lado e o burburinho dos bares ao entorno não foram capazes de dispersar os atores e o público. Como trunfo, "Sua incelença, Ricardo III" conta com uma série de predicados: ao fundir a cultura do sertão nordestino com o teatro inglês elisabetano, a montagem se vale de figurinos e cenário impecáveis, além de uma sedutora trilha musical. As "incelenças", gênero musical tipicamente nordestino, e as cirandas (como a "Ciranda da rosa vermelha", de Alceu Valença) se misturam ao rock clássico e não menos teatral de grupos como Queen ("Bohemian rhapsody") e Supertramp ("The logical song"). Já o figurino harmoniza roça e luxo, com tecidos finos, panos rústicos, couro, palha e pedrarias, enquanto o cenário assemelha-se a um picadeiro de circo, delimitado por três carroças...

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