Um romance tradicional sobre amor em tempos de semiótica

Em novo livro, autor de 'As virgens suicidas' fala de casamento, religião e teoria literáriaJEFFREY EUGENIDES: "Aos 20 e poucos anos, você tira muitas conclusões sobre si mesmo a partir dos livros que lê"Guilherme Freitasguilherme.freitas@oglobo.com.brssim como os personagens do romance "A trama do casamento" (Companhia das Letras, tradução de Caetano W. Galindo), o americano Jeffrey Eugenides chegou à universidade no início dos anos 1980, um momento em que as teorias ensinadas nos departamentos de Letras questionavam as noções mais básicas sobre identidade, sociedade e, claro, literatura. Era o auge da influência na academia americana de pensadores como Jacques Derrida, Michel Foucault e Roland Barthes, lidos com fervor por professores e alunos que desejavam questionar as convenções da época.O resultado, escreve Eugenides, foi que "da noite para o dia ficou ridículo ler autores como John Cheever ou John Updike, que escreviam sobre o mundo suburbano [...], em favor de ler o Marquês de Sade, que escrevia sobre a defloração anal de virgens na França do século XVIII". Para dar conta das muitas contradições desse período, o autor criou um romance em que os protagonistas se debatem entre esse impulso contestador e a atração por aquilo que deveriam contestar, como o romantismo e a religião.Voluntário de Madre TeresaNo centro de "A trama do casamento" está um triângulo amoroso formado por Madeleine, uma estudante de Letras apaixonada pelos clássicos; Leonard, seu namorado, um jovem cientista que se equilibra entre a genialidade e surtos maníaco-depressivos; e Mitchell, um cristão relutante que não consegue confessar seu amor pela colega. A narrativa começa nos últimos dias do trio na Universidade de Brown e os acompanha pelos anos seguintes, enquanto Madeleine e Leonard tentam erguer um casamento e Mitchell parte numa turbulenta viagem de autodescobrimento pela Índia.- "A trama do casamento" é um livro sobre jovens tentando descobrir quem são - define Eugenides em entrevista ao GLOBO, por telefone, de Nova York. - Na idade dos personagens, aos 20 e poucos anos, você tira muitas conclusões sobre si mesmo a partir dos livros que lê, e é isso que...

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