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Eu próprio estaria entre aqueles que, desde muito cedo, tingiram de defesa dos homossexuais suas desconfianças a respeito de Uniões Soviéticas, Chinas Maoístas e Cubas. O chamado "pecadão" realmente tomou conta da cabeça de indivíduos e grupos autoritários de todos os matizes, tendo Hitler dizimado a SA paganista e fortemente homossexual que ele próprio apoiara a princípio (e o clima na Itália de Mussolini pode ser sentido no filme "Um dia muito especial", de Ettore Scola). Claro que já ouvi de colegas esquerdistas na faculdade que o homossexualismo (assim como a tolerância com o adultério feminino) era um aspecto da decadência burguesa. Mas hoje observo mais Olavo de Carvalho (assim como outras figuras da extrema direita) apontando a defesa das atividades homoeróticas como parte essencial da política das esquerdas. Talvez Niemeyer (a quem Burle Marx, ainda nos anos 1990, chamava de "típico garoto de praia carioca") fosse desses comunistas que não consideravam a homossexualidade aceitável (como o Graciliano das memórias do cárcere - aliás nisso defendido por Olavo de Carvalho).Mas minha vontade de chorar ficou muito mais aguda com as notícias, chegadas a mim quase simultaneamente, das mortes de Nelson Mandela e Fauzi Arap. Fauzi foi um dos maiores atores que vi em cena. Assisti a "Os pequenos burgueses" na montagem do Oficina e fiquei apaixonado pela sua arte. Depois, por causa de sua colaboração constante e duradoura com Bethânia, conheci a pessoa extraordinariamente polida e sensível que ele era. Só de pensar em Mandela meus olhos se encheram de lágrimas: a admiração pela...

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