O Status ecológico da Arara-Azul-de-Lear (Anodorhynchus leari)

AutorPedro Cerqueira Lima
CargoCetrel S/A Empresa de Proteção ambiental do Pólo Petroquímico de Camaçari
Páginas263-271

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O primeiro e maior grupo de A. leari documentado na natureza foi na Serra Branca - Jeremoabo, em 1978/1979, que reunia 21 indivíduos; em 1980 Luís Cláudio Marigo observou 36 araras às margens da rodovia Cocorobó/Jeremoabo; em 1983, Carlos Yamashita encontrou na Toca Velha, um grupo que variava de 19 a 33 aves e no mesmo local; Gonzaga e Yamashita em 1985 registraram 20 indivíduos (Sick et al.,1987). Estudos realizados por Brandt e Machado em 1988

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estimaram a população em cerca de 60 indivíduos (Brandt e Machado, 1990). Após a violenta seca que assolou a região em 1993, alguns pesquisadores temeram que tivesse ocorrido uma redução ainda maior na população dessas araras em decorrência das atividades de caça. De 1856, quando a espécie foi descrita, até 1978, quando a "pátria" da arara-azul-de-lear foi descoberta por Helmut Sick e sua equipe houve um longo período, exatamente 122 anos, em que informações sobre essa espécie eram inexistentes. Apenas uma informação foi divulgada, a partir de um exemplar cativo encontrado em Juazeiro, procedente da região sul do Rio São Francisco (Pinto, 1950). Muitas perguntas intrigavam os pesquisadores: Qual seria a população dessa espécie? Qual sua distribuição geográfica? Com a descoberta da verdadeira área de ocorrência da espécie por Sick, era previsível uma ação qualquer com o objetivo de estudar e consequentemente aplicar medidas de manejo para a preservação da espécie no Raso da Catarina. Embora o período de tempo transcorrido desde a descoberta por Sick (26 anos), muitas perguntas permanecem sem resposta, como por exemplo: Qual o efetivo da população da arara-azul-de-lear? Esforços têm sido feitos na tentativa de responder a essas e outras perguntas, mas ainda há muito a ser feito. Para maximizar os esforços até hoje empregados, seria necessário realizar censos simultâneos em todos os pontos de alimentação conhecidos e investir na procura de novas áreas de alimento e reprodução, o que incluiria o uso de radio - transmissores do tipo satélite e foto-censos. Outra falha na história natural da espécie está relacionada à reprodução. Até o presente momento, existem dados controversos sobre as ninhadas de um a três filhotes, no entanto, nada se sabe sobre o efetivo populacional para reprodução, período de incubação, tempo de permanência dos filhotes nos ninhos etc., dados esses que só podem ser fornecidos através de pesquisas efetuadas no interior dos ninhos. Como poderemos entender a biologia reprodutiva da espécie sem realizarmos pesquisas sobre a incubação, número de ovos, tempo de permanência dos filhotes no interior do ninho, crescimento dos filhotes, índice de mortalidade dos filhotes, deficiência alimentar etc. O que sabemos sobre as araras brasileiras através de nossa experiência ou de experiências no estudo do comportamento reprodutivo de diversas

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espécies de araras no Peru e Bolívia (Munn, 1995), é que essas aves não abandonam o ninho quando estão com os filhotes.

Precisamos estudar mais minuciosamente os ninhos da arara-azulde-lear para então podermos confirmar este comportamento da espécie, o que será extremamente importante para propostas futuras de manejo em cativeiro e na natureza. Em 1997, investigando potenciais áreas de alimentação, descobrimos um novo local visitado pelas araras que nunca tinha sido visitado por nenhum pesquisador de ornitologia: a reserva dos índios Pankarares. Na...

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