Indústria tem pior mês desde a crise de 2008

Após queda de 3,5% na produção em dezembro, economistas revisam para baixo projeções para o pibLucianne Carneiro, Nelson Lima Neto,Nice de Paula e Roberta Scrivanoeconomia@oglobo.com.brRIO E SÃO PAULOA produção industrial brasileira recuou 3,5% em dezembro, frente a novembro, uma queda maior do que a esperada pelos especialistas e o pior resultado desde dezembro de 2008, em plena crise financeira internacional, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. Em relação a dezembro de 2012, o recuo foi de 2,3%, o maior desde março daquele ano. O ganho acumulado da indústria em 2013 foi de 1,2%. O desempenho não foi capaz de anular a perda de 2,5% em 2012. Diante do resultado, analistas já começaram a revisar para baixo as projeções para o setor em 2014 e, também, para o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em 2013.Com o recuo de dezembro, o chamado Carry over (carregamento estatístico) para este ano é negativo em 3,7%. Ou seja, a indústria só entrará no terreno positivo após avançar 3,7%, explica Leonardo Carvalho, pesquisador do Ipea:- O pequeno resultado positivo da indústria em 2013 se deveu a bens de capital, concentrado naqueles para transporte (caminhões e ônibus) e agrícola. Com a queda brusca de dezembro, o esforço de crescimento para a indústria em 2014 aumentou muito. E isso num ambiente que restringe a expansão da indústria.O economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, compartilha da opinião de que, num contexto de confiança debilitada e alta de juros, a indústria terá um ano difícil pela frente:- Nossa projeção é de alta de 1,5% da produção industrial. Mas, com o que levamos de 2013, mesmo este 1,5% vai ser difícil de se concretizar.FÉRIAS COLETIVAS AFETARAM PRODUÇÃOOs dados de ontem provocaram uma série de revisões nas projeções. Na LCA Consultores, a estimativa para o PIB no ano passado caiu de expansão de 2,3% para 2,2%. Para o quarto trimestre, a alta que estava estimada em 0,7%, frente ao terceiro trimestre, será menor: de 0,4%. A consultoria também vai revisar a projeção para a produção industrial este ano, que na semana passada já tinha sido reduzida de 2,5% para 2% por causa da situação na Argentina.- Trabalhávamos com um crescimento do PIB na casa de 2,2%. Com a indústria mais fraca no fim de último trimestre, a nova previsão deve ficar na casa de 2,1% - diz a coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre/FGV, Silvia Matos.O tombo do setor em dezembro foi puxado pela queda de 17,5% da produção...

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