Veja a íntegra do discurso de Dilma Rousseff em Davos

O GloboDiscurso da Presidente da República, Dilma Rousseff, durante Sessão Plenária do Fórum Econômico Mundial 2014Davos-Suíça, 24 de janeiro de 2014, 13h50 (horário local)Boa tarde.Senhor Klaus Schwab, presidente fundador do Fórum Econômico Mundial,Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo,Senhoras e senhores ministros de Estado, integrantes da minha comitiva,Senhoras e senhores representantes da área empresarial e da área financeira,Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas,Senhoras e senhores,São passados mais de cinco anos do início da crise financeira global, a mais profunda e mais complexa desde 1929. Aos governantes, empresários e trabalhadores colocou-se o difícil desafio de evitar o pior e, ao mesmo tempo, reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada do crescimento, da produção, dos investimentos e, em especial, dos empregos.Impôs-se a todas as economias a recuperação da confiança nos negócios, confiança que é indispensável para um bom desempenho econômico. A saída definitiva da crise requer um enfoque que privilegie não apenas o curto prazo. Ele é muito importante, mas é natural que, em um ambiente de crise e contaminado pelos seus efeitos adversos, muitas avaliações acabem privilegiando apenas essa dimensão temporal.É imprescindível, entretanto, resgatar o horizonte de médio e longo prazos em nossas avaliações para dar suporte aos diagnósticos e às ações necessárias ao crescimento das diferentes economias. Nessa perspectiva, ainda que as economias desenvolvidas mostrem claros indícios de recuperação, as economias emergentes continuarão a desempenhar um papel estratégico. Estamos falando dos países com as maiores oportunidades de investimento e de ampliação do consumo.Somos países que demandam infraestrutura logística diversificada, infraestrutura social, urbana, energia, petróleo, gás, minérios, investimentos industriais e agrícolas. Somos sociedades em processo de forte mobilidade social, nas quais se constituem novos e dinâmicos mercados. Mercados internos integrados por centenas de milhões, em alguns casos, por bilhões de consumidores.Assim, é apressada a tese segundo a qual, depois da crise, as economias emergentes serão menos dinâmicas. Serão muito dinâmicas porque lá estão grandes oportunidades. Até porque os fluxos atuais de investimento e comércio e as elevadas taxas de emprego e o horizonte de oportunidades dessas economias apontam em outra direção, na direção - eu repito - das oportunidades. Como as economias desenvolvidas, aliás, foram as mais afetadas pela crise, ao dela saírem criarão um ambiente econômico global mais favorável para todo o mundo.O Brasil, por sua vez, vem experimentando uma profunda transformação social nos últimos anos. Estamos nos tornando, por meio de um processo acelerado de ascensão social, uma nação dominantemente de classe média. Alguns números ilustram essa realidade: os 36 milhões de homens e mulheres que foram tirados da extrema pobreza recentemente; os 42 milhões que ascenderam à classe média, que passou de 37% da população para 55% da população, apenas entre os anos a partir de 2003 até hoje. A renda per capita mediana das famílias brasileiras cresceu 78% no mesmo período. Nos últimos três anos, nós geramos 4,5 milhões de novos empregos.Criamos um grande mercado interno de consumo de massas. Somos hoje um dos maiores mercados para automóveis, computadores, celulares, refrigeradores, fármacos e cosméticos. Mas apenas 47% dos domicílios têm computador; 55% apenas possuem máquinas de lavar roupa automática; 17%, freezer; 8% TV plana, evidenciando o tamanho da demanda ainda a ser atendida e as oportunidades de negócios a ela associadas.Criamos um imenso contingente de cidadãos com melhores condições de vida, maior acesso à informação e mais consciência de seus direitos. Um cidadão com novas esperanças, novos desejos e novas demandas. Esses cidadãos, uma parte deles, estiveram nas manifestações de junho do ano passado, e essas manifestações são partes indissociáveis do nosso processo de construção da democracia e do processo de mudança social.O meu governo não reprimiu, pelo contrário, ouviu e compreendeu a voz das ruas. Os manifestantes não pediram a vida do passado, não...

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