Verdade

Minha adesão à ideia de uma candidatura de Freixo à Prefeitura do Rio é explicitada, inclusive com a afirmação de que sou "100% Freixo". Todas as vezes em que, ao se avizinharem eleições, senti que um candidato representaria um movimento forte no sentido do encaminhamento político que vislumbro para o Brasil, declarei meu voto sem margem para dúvidas. Ao contrário do que querem fazer crer meus maus imitadores, não vivo dizendo "ou não". Tal definição de posições tão específicas não podia ser tachada de "adoração" por essa ou aquela personalidade pública. Ao apoiar uma possível candidatura tão desamparada pelo dinheiro, pelos esquemas existentes, pelos donos do poder, não pude deixar de achar suspeita uma tirada como essa do GLOBO. Cheguei mesmo a formular que nenhum jornalista poderia fingir para si mesmo que o uso da palavra "adoração" não teria, no contexto, o papel destrutivo que detectei. Mas me esqueci de outra verdade sobre a vida diária dos jornais: a correria, que pode levar a mal-entendidos. Não é preciso ser um paranoico clássico para atribuir intencionalidade a coisas que chegam às rotativas por acidente ou falta de tempo. Relendo o que já tinha escrito, me vi (depois de alertado por amigos e por jornalistas em quem não tenho por que não confiar) como um articulista algo mimado e temperamental. Na verdade, a frase inicial me veio junto com a lembrança de Paulo Francis escrevendo na "Folha" em resposta ao então ombudsman daquele jornal. (Não reli tal texto na publicação de uma nova antologia de Francis: como disse, ainda não li nenhuma dessas coletâneas de coisas dele, prometo fazê-lo uma hora dessas. A frase - que era, mais ou menos, "Tenho a impressão de que Caio Tulio passou a mão na minha cabeça" - reveio de memória.) E, embora aquele jornalista tenha me influenciado desde a adolescência - e eu não deixe de perceber sua presença aqui em meus escritos -, eu acabei por considerá-lo um autor mimado e dado a chiliques, aspecto que não desejo emular.Eu teria declarado essa intenção de voto com a mesma firmeza de qualquer maneira, mas meu artigo nasceu da leitura do texto de Fernanda Torres na "Folha de S. Paulo". Sem este, talvez eu apenas informasse o leitor sobre minha decisão. Mas Nanda questionava a viabilidade de um candidato que supostamente despreza empresários. Como explicou o...

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